O Novo Testamento afirma a necessidade de "ministérios" ou serviços para o bom funcionamento da comunidade. Nunca se fala de clero, padre ou presbíteros no sentido de hoje. O termo grego " Kleros" (que significa herança,sorte) é usado algumas vezes para indicar não os ministros, mas a comunidade frente aos pastores.
Para a nomeação e seleção dos pastores, Paulo dá indicações: ver 1Tim 3 ,1-10.
A distinção entre clérigos e leigos, desconhecida das primeiras comunidades, aparece no século III, com Tertuliano e século IV com S.Jerônimo. A formação de um clero, como ordem separada dos fieis, é a copia de uma das tres "ordines" seculares ( senatorius, equester e plebeius ) vigentes no Império Romano. O termo "ordo" se aplicava unicamente às duas primeiras: a dos senadores e a dos cavaleiros. De fato a plebe não tinha nenhuma dignidade.
Essa terminologia, que discriminava a sociedade segundo categorias e privilégios, foi assumida pelo grupo dirigente da Igreja (clero) para diferenciar-se do povo (plebs). E assim, os termos "ordenação" e "ordenar" tornam-se termos chaves para dividir os cristãos em duas categorias: uma superior, a dos ordenados e a quem se devia honra e outra inferior, a dos plebeus (fieis), privados de toda e qualquer honra e poder.
As cartas de Paulo não se dirigem aos chefes da hierarquia, mas a toda comunidade.Também nas cartas de João nunca se fala em recorrer aos dirigentes da comunidade mas de discernimento e de amor recíproco para resolver dúvidas e questões.
São Cipriano,um dos bispos mais eminentes da Igreja primitiva, dizia: "desde o começo do meu episcopado decidi não tomar nenhuma resolução sozinho, sem o vosso conselho e o consenso do povo." (Epist. 14,IV,1)
PARA OS PRIMEIROS CRISTÃOS HAVIA DUAS VERDADES ESSENCIAIS: a) A COMUNIDADE CRISTÃ É IGREJA DE DEUS, IGREJA DE CRISTO, TEMPLO DO ESPÍRITO SANTO,CORPO DE CRISTO b) TODA A IGREJA É APOSTÓLICA EM CONTINUIDADE DIRETA, SEJA COM AS DOZE TRIBOS DE ISRAEL, SEJA COM OS APÓSTOLOS, GARANTIAS DA EXPERIENCIA ORIGINÁRIA DE JESUS. O ACENTO É COLOCADO NÃO TANTO NA DOUTRINA, QUANTO SOBRE O SEGUIMENTO DE JESUS.
O texto acima é continuação do post sobre A DEMOCRACIA NA IGREJA. Ele já tinha sido publicado mas por uma manobra inábil foi excluido e agora republico-o.(Norberto)
Por esse e outros textos, não fica claro que tem que ser eliminadas de vez as duas palavras, clero e leigo, por absoluta falta de apoio na tradição do grupo originário cristão? Não só as duas palavras mas tudo que elas hoje significam e concretizam? O livro do pe. Remi Parent, já citado, mostra fartamente como o que tem que prevalecer é simples e unicamente UMA IGREJA DE BATIZADOS. Nada de leigos e nada de clero.Todos cristãos e batizados.Essa é a tradição apostólica que nem o Papa pode contradizer.
