IGREJA-SOCIEDADE ALTERNATIVA

A explicação do sentido desse título, está em ARQUIVO DE POSTAGENS, out. 29 de 2011

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Religião católica romana ( e outras) não sintonizam com o Evangelho de Jesus cont.(p 64)

Com o presente texto finalizo a apresentação do artigo do teólogo espanhol
José Maria Castillo, divulgado pelo site IHU Online.


"2. A espiritualidade dos direitos humanos. Ao dizer isso, não nego a vigência e a importância das espiritualidades tradicionais. O que digo é que nâo poucas
das correntes de espiritualidade tradicional já não são suficientes para responder às demandas dos tempos em que vivemos.Estamos de acordo em que estamos atravessando em não poucos ambientes, um longo deserto de espiritualidade.

Necessitamos, sem dúvida, revitalizar as espiritualidades clássicas. Contanto que as purifiquemos do lastro de ideais helenistas,puritanos e tremendistas que não poucas práticas espirituais arrastam.Mas,sobretudo, necessitamos ter em conta e integrar em nossas vidas esse projeto fundamental: a Declaração dos Direitos Humanos, de 10 de dezembro de 1948, é o projeto de espiritualidade mais urgente e mais exigente que podemos assumir neste momento.

Isso quer dizer que a espiritualidade cristã se baseia no projeto fundamental que consiste em fomentar e exigir, antes que os deveres, os direitos das pessoas.
As religiões inculcaram sempre os deveres e obrigações que é preciso observar. E não insistiram apenas nos direitos cívicos e de convivência. Pois bem, como
acertadamente J.Feinberg fez notar, um sistema moral ou espiritual baseado mais na imposição de deveres do que na defesa de direitos, desemboca em um sistema "moralmente empobrecido," já que nele as pessoas não podem sustentar as demandas que um sistema de direitos torna possíveis.


Em um sistema de deveres, as pessoas desenvolvem um caráter mais servil, um espírito de submissão, de resistência e de mutismo, que é capaz de tolerar, com boa consciência, as maiores atrocidades e agressões. Pelo contrário, as pessoas que gozam de direitos e são conscientes deles, são menos inclinadas a desenvolver caráteres de servilismo, os caráteres das pobres gentes que se veem forçadas a assegurar suas necessidades implorando ou suplicando "favores"
do amo, do patrão, do superior ou do hierarca que os governa. Disso segue-se uma consequência inteiramente básica: o respeito à pessoa é equivalente ao
respeito aos seus direitos (J.Feinberg; J.Raz). As religiões falam com frequência e insistência no ideal do amor e da caridade.


Mas como se pode falar seriamente do amor onde não se respeitam os direitos fundamentais das pessoas às quais dizemos que amamos? Só quando aceitamos e colocamos em prática o respeito à igualdade e dignidade de todos os seres humanos igualmente, só então poderemos começar a falar de amor.
Tudo o que não for isso é palavrearia vazia e mentira pura e dura."

Proximamente farei alguns comentários sobre as posições do Castillo.

Comunico que voltarei a "postar" na primeira quinzena de fevereiro de 2011.

Desejo aos leitores um 2011 cheio de realizações na construção do Reinado de Deus.