IGREJA-SOCIEDADE ALTERNATIVA

A explicação do sentido desse título, está em ARQUIVO DE POSTAGENS, out. 29 de 2011

sábado, 15 de outubro de 2011

A Igreja precisa do sacerdócio também de mulheres? cont. (p77)

Você deve ter notado,pela leitura da postagem anterior, que o Vaticano, as autoridades católicas penalizam e, às vezes, duramente, os que se atrevem não só a propor teoricamente como a se  envolver em situações de apoio ao sacerdócio das mulheres. 
Veja como justificam a intransigência:Jesus escolheu só homens "apóstolos".
Logo é de fé bíblica e a Igreja não pode mudar. O que a Igreja tem que mudar,na verdade, é seu apego injustificável à uma interpretação ao pé da letra, fundamentalista, dos textos bíblicos, tanto aqui como no sentido da
Eucaristia.

O exegeta Gerhard Lohfink, no seu livro "Como Jesus queria as comunidades",dá uma interpretação bem consistente. Primeiro ele mostra a importância do simbolismo e dos sinais nos atos de Jesus, no contexto do judaismo vigente, como parte de sua missão de reconstituir o Israel prevaricador.Afirma em seguida, que a ausência feminina quer entre os 12, quer na 
"última ceia", era devida pura e simplesmente ao fato de que os 12 representavam (simbolizavam) as 12 tribos de Israel, e tribos não podiam ser representadas por mulheres, pelo menos no Oriente daquela época.
Fora isso, Jesus integra mulheres no círculo dos seus discípulos com uma liberdade espantosa e sem consideração com as ideias misógenas do judaismo
 da época. Portanto não "cola" a capenga argumentação da hierarquia.

Outro motivo para a misoginia clerical:a chamada "Reforma Gregoriana" do sec.
XI "deu corpo" ao preconceito da inferioridade da mulher frente aos homens, como já existia no patriarcalismo e machismo do Antigo Testamento. Dizia que "as mulheres deveriam ser reconduzidas a Deus através dos homens e não o
 contrário".
O grande filósofo Aristóteles também forneceu argumentos para a igreja medieval "sentir firmeza" na sua aberração. E o maior teólogo da idade média Santo Tomás de Aquino também deu sua contribuição para a exclusão.
Diante disso tudo o teólogo norte americano e especialista no assunto,Gary
Macy, responde numa entrevista:"Temo que a compreensão de que as mulheres são inferiores,continue a existir não só na Igreja, embora não oficialmente, mas também na sociedade ocidental, de modo geral.Parte de nossa cultura de violência contra as mulheres,..." vem daí.

Mas afinal,toda essa celeuma, essa verdadeira briga para dar o sacerdócio para as mulheres é válida? A Igreja está precisando do sacerdócio feminino? Será que não é uma luta inglória, a de todos esses que enfrentam as perseguições da hierarquia católica? Aguarde a resposta na próxima postagem.