IGREJA-SOCIEDADE ALTERNATIVA

A explicação do sentido desse título, está em ARQUIVO DE POSTAGENS, out. 29 de 2011

sábado, 17 de dezembro de 2011

Onde está a verdadeira crise da Igreja, cont. (p 86)

Contiuam os comentários ao artigo do Boff.

3º comentário
Boff escreve em seu artigo que a crise concerne à Igreja institucional mas não à Igreja como comunidade de fieis.Esta continua viva apesar da crise, se organizando de forma comunitária e não piramidal como a igreja da Tradição.
Suspeito que essa é uma visão por demais otimista.Depois de ler o que vem a seguir, você me dirá se também as bases da pirâmide católica, estão ou não em crise.

Num precioso opúsculo intitulado  ECLESIOGÊNESE (Vozes 1977) de autoria do próprio Boff, este, junto com o sociólogo Pedro Demo, mostram em várias páginas, que as bases podem e devem ser fermento renovador da instituição. Demo analisa a contraposição comunidade X sociedade (instituição)e diz que "a comunidade é a utopia da sociedade" e que "Uma organização maior, pode ser renovada pela comunidade mas não pode ser transformada em uma comunidade". Boff acrescenta "Pode haver uma verdadeira renovação dos quadros institucionais da igreja,vindos dos impulsos das bases comunitárias sem que a igreja perca sua identidade..."
Concluo: se pode haver renovação da instituição eclesiástica em crise, mas isso não está ocorrendo, significa que as bases comunitárias não estão emitindo impulsos renovadores, nem sendo um bom e eficaz fermento. Está portanto também, em  crise. 
   
Mas para que aconteça essa renovação, continua o Boff, " o espírito comunitário precisa  revitalizar-se continuamente; tal tarefa será facilitada se os grupos se mantiverem relativamente pequenos e não se deixarem absorver pela institucionalidade". E ainda: " A comunidade eclesial de base se quiser manter o espírito comunitário, não deverá querer substituir a paróquia;deverá conservar-se pequena para evitar a burocratização e facilitar o face a face dos membros..." 
Descubro uma pequena contradição entre o que o Boff fala aqui sobre a conveniência das comunidades serem pequenas e o que ele escreve no artigo quando coloca como um sintoma da crise, um mal, o fato de a igreja ficar "cada vez mais irrelevante e esvaziada de fieis", o que acho bom em termos. A hierarquia tem muita preocupação com quantidade, não quer perder fieis, porque menos povo, menos poder e perder poder é o que menos quer.É bom que a catolicidade se esvazie e fique só com os "convertidos," os que fazem uma adesão consciente pelo Evangelho.

É sabido e reconhecido que o modelo paroquial não facilita o comunitário. Precisa ser substituido.No Brasil, a CNBB propõe o modelo "Paróquia, Comunidade de comunidades". 
Poucas são as paróquias que o adotaram. Exige alterações estruturais incômodas. E além disso,o individualismo dos movimentos de renovação carismática como a Canção Nova, e outros, do tipo "padre Marcelo",  avançam sobre o fragil espírito comunitário das paróquias e o corroem.

 Analisei essa situação, neste blog, em várias postagens intituladas:"Manipulação das CEBs" e "Parece um tabu.Será?" Você as encontra na coluna do lado direito da página, depois da lista de MARCADORES, na lista ARQUIVO DE POSTAGENS nas datas, 19/9 que é o post nºp11 até 22/11 que é o post nº p20, todos do ano 2009, por isso do final da lista (os mais antigos).

Essa situação não é só do Brasil. Embora experiências animadoras despontem são muito poucas, se comparadas ao panorama geral.

Na semana próxima, mais alguns comentários.