IGREJA-SOCIEDADE ALTERNATIVA

A explicação do sentido desse título, está em ARQUIVO DE POSTAGENS, out. 29 de 2011

sábado, 10 de outubro de 2009

Parece um TABU. Será? (p 14 )

Vou encarar uma questão complexa e polêmica, mas,a meu ver, indispensável. Os documentos dos quadros diretivos/hierárquicos da Igreja Católica insistem em caracterizar as CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) como grupos sem autonomia junto à pastoral paroquial e diocesana. O último, " de peso", o Documento de Aparecida, no nº 179, não deixa dúvidas.
Já alguns teólogos se posicionam pela autonomia.Veja o que escreveu o teólogo/biblista frei Carlos Mesters criador do CEBI, (texto citado no livro do Oliveri, com o título "O futuro do nosso passado", pag.66) :" A causa da problemática atual está no fato de o clero (classe) ter monopolizado em suas mãos as 3 funções que geram 3 tipos diferentes de serviços ou ministérios dentro da comunidade.Estas 3 funções necessárias para o funcionamento AUTONOMO DA COMUNIDADE, são.." E mais adiante: " Importa chegar à desclericalização (clero-classe) das 3 funções básicas, necessárias para o funcionamento AUTONOMO DA COMUNIDADE..."
O próprio Oliveri no já citado livro pag.42, escreve:" Buscar uma Igreja povo de Deus, toda ela ministerial, é o caminho das CEBs. O que faz a diferença entre CEBs e mini-Paróquias é a AUTONOMIA ..." vivenciada pela Auto-evangelização, Auto-organização e Auto-celebração.

Por autonomia das CEBs eu entendo o seguinte: Primeiro, fidelidade as suas raizes. Desde o começo das CEBs se afirma que elas buscam se inspirar nas primeiras comunidades cristãs e recriar a Igreja nos moldes da Igreja primitiva e não como reprodução do tipo vigente. O historiador Eduardo Hoornaert no seu livro A MEMORIA DO POVO CRISTÃO (VOZES,1986,pag 147ss) explica porque o cristianismo foi abandonando o modelo até então vigente das comunidades autônomas.Causas:fascínio que as organizações do império romano exerceram sobre os dirigentes da Igreja. Outra: adoção do principio de territorialidade (cerca do 4ºséculo) para governar, como os romanos. Antes disso não tinham que estar cerceadas por limites territoriais, não dependiam de um determinado bispo ou presbítero,embora passassem pelas comunidades, profetas e doutores prestando serviço de animação na fé e no amor fraterno. Portanto motivos circustanciais e menores, diante dos valores comunitários evangélicos.

O assunto continua no próximo post.