IGREJA-SOCIEDADE ALTERNATIVA

A explicação do sentido desse título, está em ARQUIVO DE POSTAGENS, out. 29 de 2011

domingo, 14 de novembro de 2010

Religião católica romana (e outras) não sintonizam com o Evangelho de Jesus cont. (p57)

No post anterior tratei da Igreja como "sociedade de contraste" seguindo a linha do Gerhard Lohfink. Ele também usa outras expressões equivalentes, como, "anti-sociedade","contra-sociedade" e "sociedade alternativa". Foi justamente essa expressão que adotei para identificar - pelo título - este blog:
IGREJA-SOCIEDADE ALTERNATIVA.
Continuo, a seguir, dando prosseguimento à transcrição do artigo do teólogo Castillo.

III Cristianismo,laicidade e pluralismo.

"Como já disse na seção anterior, o Evangelho é o grande relato de um conflito. Sem dúvida,o Evangelho nos fala de Deus, nos fala de Cristo,nos fala da Religião e das exigências éticas que tudo isso envolve.Mas nos fala dessas coisas de forma que isso logo desencadeou um enfrentamento , que foi se agravando até acabar em um conflito mortal. E - dando um passo a mais -esse conflito foi concretamente o conflito entre Jesus e a Religião.Isso é o que os quatro evangelhos mais destacam.

Sabemos,sem dúvida, que a morte violenta de Jesus foi condicionada por motivos políticos, como consta no título que puseram sobre a cruz; e pelo fato de que só o procurador romano era quem podia ditar a pena de morte na cruz.Mas, em todo o caso, está fora de dúvida, que a decisão de matar Jesus e a pressão que se fez para que morresse crucificado, tudo isso proveio dos dirigentes religiosos, que chegaram à convicção de que o que Jesus transmitia e o que eles representavam eram duas coisas incompatíveis. O relato de Jo 11,47-53 tem nesse sentido um valor histórico decisivo.Porque descreve o momento em que se viu com toda a clareza que era necessário e urgente tomar uma decisão: ou pelo projeto de Jesus ou pelo projeto dos sacerdotes. Isto é, o que ali se propôs com toda a crueza foi este dilema: ou o Evangelho ou a Religião.

Mas,antes de seguir em frente, convém fazer duas advertências:

1) Não se dar a este enfrentamento uma interpretação moralizante,no sentido de explicá-lo pela maldade dos dirigentes religiosos que a bondade de Jesus enfrentou. Analisando as causas do conflito, adverte-se que muitos dos dirigentes religiosos, devia ser,sem dúvida, homens de boa vontade.Mas o que Jesus rejeitou não foi a má vontade, mas sim fatos que levam alguém a proceder mal e, além disso,a ter argumentos para justificar seu mau proceder.Algo que costuma ocorrer com frequência em não poucos ambientes religiosos."

No próximo post continuo a transcrição.Mais surpresas! Mais revelações!