Para encerrar esse assunto da autonomia das CEBs, por enquanto, vou apresentar a palavra autorizada do frei Carlos Mesters, fundador do CEBI, um teólogo biblista como poucos.
Vou apresentá-la em duas partes ou 2 posts sucessivos.
Como reflexão, a partir do 2º Inter-eclesial em Vitória, ES, em 1976, sobre o tema "ministérios na Igreja", escreveu o seguinte texto com o título, "O futuro do nosso passado". Publicado no livro do Oliveri, pag.66.
1. A causa da problemática atual, está no fato de o clero (classe) ter monopolizado em suas mãos as 3 funções que geram três tipos diferentes de serviços ou ministérios dentro da comunidade. Estas 3 funções necessárias para o funcionamento autónomo da comunidade, são:
a. suscitar e coordenar o lento processo educativo, pelo qual o povo vai tomando pé na vida e tomando consciência de povo (governo - sabedoria);
b. orientar criticamente a comunidade, mantendo-a dentro do objetivo que se colocou ( missão profética);
c. celebrar os diversos aspectos da vida da comunidade, para que esta seja aprofundada e dinamizada (função sacerdotal).
2. A tensão social, necessária e fecunda entre os diversos representantes destas funções, virou tensão pessoal do padre, sem possibilidade de solução. A solução que se encontrou foi a de dar preferência à função sacerdotal e de eliminar assim a força crítica que podia vir das outras duas. Isto "sacralizou" e "sacerdotalizou" todos os serviços ou ministérios.
3. Esta é agora a imagem do ministério que existe na cabeça tanto do povo como de grande parte do clero. Neste caso, pouco serve fazer com que leigos possam ser "ordenados" (diáconos) ou comecem a assumir parte do trabalho de administração dos sacramentos (ministros). Isso alivia apenas o problema do padre atual, mas deixa intacta a imagem errada que produziu o impasse.