IGREJA-SOCIEDADE ALTERNATIVA

A explicação do sentido desse título, está em ARQUIVO DE POSTAGENS, out. 29 de 2011

sábado, 10 de julho de 2010

Uma mentira que atravessa os séculos: o sacerdócio católico (p 45)

Vou abordar a questão dos ministérios na Igreja numa sequência de textos, desde uma visão mais ampla até um ministério específico:o sacerdócio.

No texto de hoje me sirvo do MANIFESTO DO POVO DE DEUS, "Nós Somos Igreja" escrito por Luigi de Paoli, do Movimento Internacional "Nós Somos Igreja", fazendo adatações.


O Novo Testamento afirma a necessidade de ministérios ou serviços para o bom funcionamento da comunidade.Nunca se fala de clero, padre ou presbíteros no sentido de hoje.O termo grego kleros (que significa herança,sorte) é usada algumas vezes para indicar não os ministros, mas a comunidade frente aos pastores.

Para a nomeação e seleção dos pastores,Paulo dá indicações precisas na carta a Timóteo (1 Tim 3,1-10).
A distinção entre clérigos e leigos, desconhecida das primeiras comunidades, aparece nos séculos III, com Tertuliano, e IV com S.Jerônimo.A formação de um clero, como ordem separada dos fieis, é a cópia de uma das três ordines seculares (senadores,equestre e plebeia) vigentes no Império Romano.O termo "ordo" se aplicava unicamente às duas primeiras: a dos senadores e à dos cavaleiros.De fato, a plebe não tinha nenhuma dignidade.
Essa terminologia, que discriminava a sociedade segundo categorias e privilégios, foi assumida pelo grupo dirigente da Igreja (clero) para diferenciar-se do povo (plebe), confirma Tertuliano. E assim o termo "ordo" e os seus derivados(ordenação e ordenar) tornam-se termos-chave, para dividir os cristãos em duas categorias:uma superior,a dos ordenados, a quem se devia honra;a outra inferior, a dos plebeus (fieis), privados de toda e qualquer honra e poder.

Mas o Evangelho nos diz, que:
1 - Jesus não se apresentou como membro da casta sacerdotal do seu tempo,mas como um simples homem do povo;
2 - Jesus não instituiu algum sacerdócio ao instituir a Eucaristia na última ceia, como professa e celebra a liturgia oficial;
3 - Jesus deu claras indicações de que tudo que se referia ao Templo
(o de Jerusalém) e seus serviços e sacrifícios,altar e ritos, não mais se justificava com a sua presença entre nós.

Em todo o Novo Testamento falta a palavra "sacerdote".Quando foi utilizada na "Carta aos Hebreus",foi para afirmar terminantemente que o título "sacerdote" deve ser reservado unicamente a Jesus, no sentido de que Ele põe fim a todo sacerdócio cultual-sacrificial (do tipo judaico) e inicia um novo culto que consiste em oferecer a própria vida, até assimilar-se totalmente em tudo aos próprios fiéis (Heb 2,14).


Você percebe, pelo que está dito acima, como o grupo dirigente da Igreja, a certa altura da história, foi conduzindo a Igreja, por caminhos contrários aos do Evangelho.E não vai parar por aí.Continuamos no próximo post.