IGREJA-SOCIEDADE ALTERNATIVA

A explicação do sentido desse título, está em ARQUIVO DE POSTAGENS, out. 29 de 2011

sábado, 19 de setembro de 2009

Manipulação das CEBs ? 1 (p 11)

O pe.José Comblin no seu livro Antropologia Cristã, começa o capítulo primeiro assim: " A mensagem cristã sobre a humanidade pode apresentar-se sob o título paulino de HOMEM NOVO.Com Jesus Cristo entra na história da humanidade o HOMEM NOVO. O Reino de Deus proclamado por Jesus é o homem novo..".E mais adiante: "Para S.Paulo e para o cristianismo primitivo inteiro, o homem novo é uma realidade social, concreta, visível, palpável: as comunidades cristãs. Revestir-se do homem novo é entrar na comunidade cristã e adotar os seus modos de viver".

Qual é a praxis da Igreja Católica hoje em respeitar e implementar esse valor central do cristianismo, a comunidade? Note: a praxis e não as palavras?
Uma constatação setorial: nos encontros estaduais e intereclesiais de CEBs de que participei (vários) ou acompanhei, quase não se faz análise da esfera eclesial para avaliar o nivel de comunhão fraterna nas relações internas Os temas propostos giram quase exclusivamente sobre a atuação das CEBs no nível social, na atuação para fora.Também necessária.
Manipula-se justamente o elemento (CEB) que por sua constituição, deveria fomentar o espírito comunitário na Igreja institucional, burocratizada.

Preocupações como as seguintes deveriam frequentar muito mais os encontros das CEBs:"a atual macroorganização da Igreja (grandes jurisdições territoriais, grandes instituições,grandes templos e edifícios, grande burocratização) pode ter sido apropriada para outras épocas,mas é pouco ou nada operativa atualmente como elemento de comunhão, sendo precisamente de massificação, de anonimato, de incomunicação entre cristãos e destes com seus pastores....A escassa ou nenhuma participação e representação real dos fieis em organismos de decisão e de execução (CELAM,conferencias episcopais, conselhos diocesanos e paroquiais, comissões pastorais) contradiz com fatos as declarações verbais a respeito da comunhão, da participação, do sacerdócio e da missão comum, da co-responsabilidade e dos princípios de subsidiariedade.
Por isso , o funcionamento empírico da Igreja marca um enorme contraste com as aspirações populares, assinaladas pelos próprios pastores, à co-responsabilidade, à participação, à co-gestão comunitária, à direção e à condução dos interesses comuns."
(Alberto Parra, Os ministérios na Igreja dos pobres, VOZES,1991,pag.19)

Vou continuar num próximo post, as lúcidas observações do pe.Alberto Parra.