IGREJA-SOCIEDADE ALTERNATIVA

A explicação do sentido desse título, está em ARQUIVO DE POSTAGENS, out. 29 de 2011

sábado, 22 de outubro de 2011

A Igreja precisa do sacerdócio também de mulheres? cont. (p78)

Joguei três perguntas no fim da última postagem:essa briga é válida? O sacerdócio feminino é indispensável para a Igreja? Não é uma luta inglória essa ?

Respondo sem rodeios:é briga inválida;a Igreja não precisa de qualquer sacerdócio, nem masculino nem feminino; essa luta é de fato digna de melhor causa, uma perda de tempo e de energias.

Fico pasmo de ver tanta "gente boa", teólogos e assemelhados, exigindo o sacerdócio feminino. Mostrei detalhadamente neste blog, em postagens de agosto de 2010, em que circunstâncias o sacerdócio foi introduzido no cristianismo, se opondo claramente às intenções manifestas de Jesus. As postagens deste blog, que titulei "Religião católica (e outras) não sintonizam com o Evangelho de Jesus," iniciadas em julho de 2010, e as três postagens de fevereiro deste ano, tituladas: "Evangelho e Religião, ainda", mostram o equívoco de pleitear mulheres padres.

Justifico, resumindo o que já expus anteriormente.
Quando apresentei o artigo do incomparável e saudoso pe.José Comblin, "O que está acontecendo na Igreja," você viu a distinção que ele faz entre Evangelho e Religião, coisa que o teólogo José Maria Castillo (comentando o artigo do Comblin), reforça; mais do que só distinção é uma diferença radical ou então, dois movimentos radicalmente contrapostos. Ambos autores, dizem que sacerdócio é requisito das religiões; como Jesus não criou nenhuma religião e a única coisa para a qual Ele nos convidou, foi para segui-lo;  portanto o seguimento de Jesus e a prática do evangelho, não precisam de sacerdotes de nenhum sexo.

Sobre o modo como nasceu o sacerdócio no cristianismo, lembrei que em todo o 1º século, após o desaparecimento de Jesus, as comunidades cristãs desconheciam a função sacerdotal. Conheciam o presbítero (idoso) que tinha várias funções, mas não as típicas de um sacerdote.
Tudo começou com uma revolta da comunidade cristã de Corinto no 2º século contra seus bispos ou presbíteros (não havia quase diferença entre ambos) e como desfecho, a comunidade destituiu esses líderes.
O bispo de Roma (na época já considerado como autoridade maior) chamado Clemente, escreveu uma carta aos coríntios, admoestando-os por terem desacatado, quem? justamente presbíteros e bispos que eram, no entender de Clemente, continuação dos vários ofícios sacerdotais dos cultos do antigo Templo de Jerusalém (que nessa época até já tinha sido destruido) e que portanto os coríntios tinham se insurgido contra tradições bíblicas respeitáveis. Como Clemente era a liderança maior, sua posição teve muita influencia.Outros dois escritores e também líderes eclesiásticos influentes,Irineu bispo de Lião e Hipólito Romano, reforçaram Clemente e assim foi feito o ressurgimento de categorias e realidades sacerdotais antigas que tinham sido não só superadas mas mesmo abrogadas, invalidadas por Jesus Cristo; não tinham pois nada de respeitáveis as tais tradições, como escrevera Clemente. Eram,sim, anti-evangélicas !!!

E o que aconteceu? A redução da gama muito ampla de ministérios da Igreja atestada pelo Novo Testamento, apenas aos ministérios do episcopado, sacerdócio e diaconato. Compreensão deste tríplice ministério como graus da "hierarquia" (poder sagrado) do Velho Testamento e consequente assimilação dos bispos ao sumo-pontífice judeu, dos presbíteros aos sacerdotes do templo e dos diáconos aos levitas. Aos poucos essas funções ministeriais foram se concentrando quase exclusivamente no culto e no sacrifício (da Missa) segundo as melhores práticas dos sacerdotes antigos. Atitudes essas compreensíveis numa religião, mas não na mensagem do Evangelho de Jesus.

Para que então pleitear um equivocado sacerdócio para as mulheres?