IGREJA-SOCIEDADE ALTERNATIVA

A explicação do sentido desse título, está em ARQUIVO DE POSTAGENS, out. 29 de 2011

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Em vez de exigir obediência cega. (p 108)

 No artigo anterior sobre a Sinodalização da Igreja, você ficou conhecendo o Movimento Internacional Nós Somos Igreja (IMWAC).Em outubro passado, dia 11 o papa proclamou o ANO DA FÉ aberto com o Sínodo sobre a Nova Evangelização. A propósito desses eventos, a Secção de Portugal do Movimento, publicou no seu site um COMUNICADO DE IMPRENSA, que, pela oportunidade e relevância, repasso. Nele há várias referências à iniciativa austríaca "Pfarrer-iniciative", que explicarei melhor no próximo post. 


Nós somos Igreja: O “Ano da Fé” deve ser também um “Ano de Diálogo”
O Movimento Internacional Nós Somos Igreja no 7º aniversário da eleição do Papa Bento XVI
Solidariedade com teólogos silenciados e com a iniciativa austríaca ‘Pfarrer-inititiave’
(Iniciativa dos Presbíteros)
‘O diálogo no seio da Igreja é a única maneira de ultrapassar a profunda e global crise atual
da Igreja Católica Romana’, afirmou o Movimento Internacional Nós Somos Igreja.
O Movimento declara a sua solidariedade para com a ‘Pfarrer-initiative’ austríaca e para com
os inúmeros notáveis e respeitados teólogos silenciados pelo Vaticano, os últimos dos quais são
os espanhóis Juan José Tamayo e Andrés Torres Qeiruga e os irlandeses Tony Flannery, Sean Fagan, Owen
O’Sullivan e Gerry Moloney.
Estes teólogos foram injustamente silenciados, sem terem sido sujeitos ao indispensável processo, e em absoluto
secretismo por parte da Congregação para a Doutrina da Fé, sediada em Roma. (Se pretende uma explicação
mais aprofundada, siga os links no final desta folha.)
Por ocasião do 7º aniversário da eleição do Papa Bento XVI o Nós Somos Igreja convida
todos os fiéis a iniciar um diálogo franco sobre cada um dos pontos que fazem parte do apelo
publicado pela ‘Pfarrer-initiative’ e que já obtiveram tantas respostas positivas de todo o mundo.
O ‘Ano da Fé’, anunciado pelo Papa em memória do 50º aniversário do início do Concílio
Vaticano II (1962-1965) deve ser igualmente um ‘Ano de Diálogo’, afirma o Movimento
Internacional Nós Somos Igreja.
Em vez de exigir obediência cega, como o Papa fez na homília de Quinta-Feira Santa, todos os assuntos
incluídos no apelo da ‘Pfarrer-initiative’ devem ser minuciosamente avaliados um por um e não como um todo.
O seu ‘apelo à desobediência’ foi publicado pela primeira vez em Junho de 2011, após cinco anos de
malogradas tentativas de diálogo com a hierarquia.
A Igreja Católica Romana encontra-se atualmente mergulhada numa crise profunda. Os sete
anos de pontificado de Bento XVI têm vindo a pôr progressivamente a nu as fraquezas
fundamentais de todo o sistema da Igreja Católica Romana: a sua governação autocrática e
monárquica, a sua ‘sociedade dualista de presbíteros e leigos’ além da crescente centralização do Vaticano, em
rápida ascensão nos últimos anos, que mal concede qualquer responsabilidade às Igrejas locais.
Desde Novembro de 1981, quando o Cardeal Joseph Ratzinger foi nomeado pelo Papa João Paulo II Prefeito da
Congregação para a Doutrina da Fé, que o atual Papa influencia a Igreja Católica Romana a nível mundial e de
formas muito mais diversas e profundas do que as alcançadas pela grande maioria dos habitantes do Vaticano ao
longo de toda a História da Igreja. Mas Ratzinger demonstrou repetidamente a sua surdez perante as
preocupações manifestadas por bispos, teólogos e inúmeros ‘leigos’ de todo o mundo. A Teologia da
Libertação, em particular, foi por ele tratada com desconfiança e hostilidade.
Todavia, apesar de tantos obstáculos que entravam o diálogo, o Movimento Internacional Nós Somos Igreja
continuará a esforçar-se por criar um novo relacionamento com todas as nossas irmãs e irmãos da nossa Igreja,
segundo o espírito do Evangelho.
Uma lista das pessoas que, direta ou indiretamente, foram de algum modo investigadas, punidas ou
excomungadas pela CDF chefiada por Joseph Ratzinger (uma compilação de Catholics for Choice, 2006)
está disponível em www.wirsindkirche.de/files/212_2006movingforwardbylookingback_31-38.pdf.
Uma lista de 99 teólogos e líderes espirituais que foram excluídos, expulsos ou silenciados por Ratzinger
está incluída no livro de 2011 de Matthew Fox, The Pope’s War: Why Ratzinger’s Secret Crusade Has
Imperiled the Church and How It Can Be Saved (A Guerra do Papa: de que modo a cruzada secreta do Papa
pôs em perigo a Igreja e como é possível salvá-la)
No próximo texto, o "apelo à desobediência" dos párocos austríacos.