IGREJA-SOCIEDADE ALTERNATIVA

A explicação do sentido desse título, está em ARQUIVO DE POSTAGENS, out. 29 de 2011

sábado, 11 de dezembro de 2010

Religião católica romana (e outras) não sintonizam com o Evangelho de Jesus. cont.(p61)

Não entendemos a cruz porque não entendemos o Evangelho...O crucifixo não é uma imagem religiosa !!! O texto a seguir poderá mudar o rumo de sua espiritualidade. Leia, releia, reflita...deixe-se questionar!


"E tudo isso, é perfeitamente compreensível. Mas é compreensível porque sempre nos disseram que um crucifixo é uma "imagem religiosa" quando, na realidade, Jesus suspenso em uma cruz, fora das portas da "cidade santa", foi historicamente algo que não tinha a ver absolutamente nada com a Religião. Pior ainda, se os sumos sacerdotes tiveram tanto empenho pois não bastava matá-lo, mas também era necessário crucificá-lo (Jo 19,6.15-16;Mt.27, 22-26 par), isso aconteceu assim porque os sacerdotes viram que a rejeição mais radical que a Religião podia fazer ao Evangelho se realizava precisamente suspendendo Jesus em uma cruz. Não entendemos a cruz porque não entendemos o Evangelho.O que, em último termo significa que, na realidade,o que não entendemos é o Deus do Evangelho, o Pai de Jesus.

Mas ainda resta o mais importante a ser dito. No conhecido hino da Carta aos Filipenses, São Paulo diz que Jesus,"apesar de sua condição divina,não se apegou à sua igualdade com Deus.Pelo contrário,esvaziou-se a si mesmo,assumindo a condição de escravo e tornando-se semelhante aos homens"
(Fil 2,6-7). Paulo utiliza aqui a palavra grega "kenos" que significa "vazio", já que o verbo "kenoô" significa " esvaziar". Paulo afirma,portanto ,que o Deus dos cristãos é um "Deus kenótico", um Deus "esvaziado de Si mesmo" . Tenhamos em conta que, em Jesus, quem se despoja de seu cargo e se esvazia de si mesmo é Deus. Isso não quer dizer, não pode dizer, que Deus durante a vida terrena de Jesus, deixou de ser Deus. O que Paulo quer dizer é que a "morphé Theoú" mudou para "morphé douloú" (Fil 2,6-7). A palavra grega "morphé" significa "forma" ou "manifestação visível" (W.Pölmann) . Portanto, Paulo nos diz que o Deus que nos é dado a conhecer em Jesus só se faz presente na "forma de escravo".



O que nos leva direta e inevitavelmente à seguinte conclusão: Deus renunciou a toda grandeza, a toda majestade, a toda expressão de poder. Porque um escravo é a negação total de tudo o que é grandeza, majestade ou poder. E advirto que
aqui é decisivo compreender que a exaltação da qual Paulo fala, no final do hino (Fil 2, 9-11) não é a anulação da "kenosis", para que tudo fique como estava antes da existência terrena de Jesus. É a afirmação de que a presença de Deus,
"na forma de escravo" essa é a forma definitiva que Deus assumiu, sem voltar atrás. Porque a forma humilhada que não pode pretender impôr a ninguém, essa é a forma de presença divina que Deus exaltou para sempre.

O Deus kenótico que nos foi dado a conhecer no Cristo kenótico vem nos dizer
que só encontramos Deus no kenótico: na forma de vida daquele que se esvazia de toda pretensão de grandeza, de majestade ou de poder e dominação".

O post da próxima semana trará a conclusão da parte mais teórica ou teológica do artigo. Depois, em dois posts, o teólogo Castillo nos dirá "Como viver o cristianismo", frente aos pressupostos com que ele até aqui nos presenteou. Você se surpreenderá !