IGREJA-SOCIEDADE ALTERNATIVA

A explicação do sentido desse título, está em ARQUIVO DE POSTAGENS, out. 29 de 2011

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Batizar crianças "deu no que deu":o catolicismo de hoje.cont. (p44)

Com a chamada "virada constantiniana", o batismo passou a ser obrigatório até para ser considerado cidadão romano.O cristianismo virou religião de massa.O aumento enorme de batizandos forçou o catecumenato que até então durava de 2 a 3 anos a ser cada vez menos exigente.E como consequencia desse clima de descompromisso e relaxamento não havia porque não batizar também as crianças.

"Inaugurava-se então a época dos batismos de crianças ou "batismos sociológicos" e o relaxamento paulatino do compromisso batismal e com isso do próprio modelo eclesial que nele encontrara sua consistencia vital....o abandono do catecumenato é um fato histórico que trouxe grandes consequências para a memória histórica do povo cristão" (Hoornaert, 171)

Outra mudança facilitou mais ainda o fim do catecumenato:a passagem da igreja comunitária e familial primitiva para a igreja local ou igreja de uma cidade,de um território,de um bairro, em força do principio da territorialidade imitado da administração romana.Isso trouxe grande reviravolta no plano pastoral, a começar pela "lenta substituição do catecumenato,baseado no principio de uma Igreja grupal que exige a conversão de pessoas, pelo batismo de crianças, baseado no principio de conversão de "culturas" ....Afastando-se do modelo comunitário a Igreja teve que criar os instrumentos apropriados para manter a fidelidade ao projeto original e mesmo assim ela lutou e continua lutando contra o perigo de descaracterização e desenraizamento que este afastamento trouxe necessariamente consigo." (Idem,148)


Escritores eclesiásticos partiram para fabricar argumentos que justificassem o batismo infantil.Um dos primeiros foi santo Agostinho.Defendia o batismo de crianças baseado na doutrina do suposto pecado original.Nascendo todos com ele a agua do batismo o lavaria. A exegese moderna mostrou que o texto bíblico no qual se apoiava era apenas simbólico.Não existe pecado original pessoal.

Falou-se então: fora da Igreja não salvação ."Era uma coisa bastante complicada.Quem não entra na Igreja pelo batismo vai para o inferno.Daí a preocupação de batizar logo as crianças,especialmente em perigo de morte.Como ficavam os "anjinhos" que mesmo assim não se conseguia batizar? Não podiam entrar no céu, foi preciso arrumar um "limbo",uma espécie de depósito entre o céu e o inferno. O pior foi quando ficou claro que tinha gente demais não batizada.Como ficavam um bilhão de chineses,meio bilhão de indianos, um mundo de outros que nunca tinham ouvido falar da Igreja? Inventou-se então um tal "batismo de desejo": as pessoas boas de tudo quanto é canto do mundo teriam uma espécie de desejo de entrar na Igreja e por isto poderiam se salvar.Foram até batizados de "cristãos anónimos", a revelia deles.(Oliveri ,76)

Resultado atual de tudo isso? O melancólico catolicismo em profunda crise hoje. É o sentido do título destes posts sobre o batismo: "deu no que deu."

A gente sabe como consertar isso.Os primeiros passos são os mais difíceis. A hierarquia católica não suporta pensar em diminuir o rebanho ao nível dos efetivamente convertidos (SERIA UMA INSUPORTAVEL PERDA DE PODER) e agrupados em pequenas comunidades fraternas de irmãos e irmãs, autónomas e animadas ou coordenadas por simples leigos, com o restabelecimento de um sério catecumenato para os adultos que quisessem entrar no convívio eclesial. O resto seria menos difícil... parece!!!