IGREJA-SOCIEDADE ALTERNATIVA

A explicação do sentido desse título, está em ARQUIVO DE POSTAGENS, out. 29 de 2011

domingo, 21 de outubro de 2012

SINODALIZAÇÃO DA IGREJA (p 107)

Está acontecendo nestes dias – de 7 a 28 de outubro - em Roma, um Sínodo, convocado pelo papa, para discutir “a nova evangelização”. Em outubro de 1999 aconteceu também em Roma, mais um Sínodo dos bispos da igreja católica. Na mesma data e cidade, o INWAC  também se reuniu em FÓRUM, com representantes,  na maioria leigos, vindos de vários países, para discutir os problemas das comunidades católicas que representavam.
Esclarecendo conceitos: SINODO é uma reunião de bispos representando as Conferências episcopais de diversas nações, convocados pelo Vaticano e em geral realizados em Roma, para discutir assuntos de interesse da Igreja. Tem um sentido de partilha de poder, de democracia, embora esse sentido atualmente, fique demais ofuscado pelo centralismo papal e curial.
E o IMWAC, o que é? É o Movimento Internacional Nós Somos Igreja (a sigla é do inglês International Movement We Are Church). Nascido na Europa espalhou-se por várias nações. Movimento de católicos que pleiteiam uma reforma da Igreja em 5 pontos. Conheça melhor este movimento, buscando o 2º e o 3º post deste blog, a partir do seu inicio. São de 30 e 31 de julho de 2009. Neles tratei exclusivamente sobre o IMWAC.
Voltando ao FÓRUM. Ele quis ser também um parâmetro, para introduzir  o Ato Sinodal, ou seja, o Sínodo ou Fórum como um sistema de consultas, decisões e comunicação, a ser usado em qualquer momento, em qualquer lugar, não só por bispos, convocados por Roma, mas também pela base da Igreja. O resultado do Fórum do IMWAC de Roma foi um documento no qual eles explicam e propõe essa mudança. Foi redigido pelo professor J.P.Bagot. Por ser longo, vou suprimir a parte  em que o autor faz um resumo da história da Igreja, dividindo-a nos seguintes capítulos: 1. A Igreja de Jesus; 2. A Igreja constantiniana; 3. A Igreja gregoriana; 4. A Igreja dos tempos modernos.
Depois ele se pergunta:  E agora? A partir daí vou transcrever, incluindo antes, a Introdução do mesmo.

PARA UMA SINODALIZAÇÃO DA IGREJA.  Um Concílio agilizado por “ sínodos na base.”
INTRODUÇÃO   -  O FÓRUM  IMWAC  1999, ATO  SINODAL.
“Vindos de diferentes países  para discutir problemas que afetam nossas comunidades, nós formamos de fato um Sínodo. Ele não é “canônico”. Nem por isso deixa de existir.Não existe em oposição ao que se realiza em Roma, mas ao lado, em Santa Severa, no “átrio da Igreja”, na Base. Não nos sentimos amarrados por nenhuma das limitações que existem lá, no “coro da Igreja”. Para qualificar nosso funcionamento, nós falamos espontaneamente de “Igreja Sinodal”. Que quer dizer? Para defini-lo e tomar plenamente consciência da amplidão do nosso gesto e das virtualidades que ele comporta, é necessário situá-lo na história da Igreja, refletindo quatro pontos de vista:
- em que contexto social, político e cultural a Igreja se desenvolveu?
- que visão de si mesma esta Igreja teve? que resultou daí?
- através de que meios de comunicação ela pôde crescer?
- em função desta situação, que modelo de funcionamento a Igreja adotou?
Em seguida Bagot inclui seu “Resumo da história da Igreja”, sob a ótica desses  4 pontos.
Depois prossegue:   E  AGORA ?
“Cresce a comunicação. As grandes centrais de identidade (ideológicas, nacionais) tendem a se diluir em proveito de um novo poder anônimo dominador: o dinheiro. Mas é possível a afirmação (em que condições) das pessoas. Democracia crescente. A nova comunicação (Internet) permite também novos funcionamentos. Tendência à explosão das grandes centrais religiosas. Nem tudo deve mais passar por Genebra ou por Roma. Depois de um esforço de abertura (Vaticano II, volta ao diálogo conciliar, emergência dos Sínodos locais ), a hierarquia católica  sente fundir-se seu poder e tende a retomá-lo. Mas ela já não tem “a autoridade”.Ela tende a bloquear a comunicação.                                                                     Nós começamos aqui e agora a funcionar de maneira diferente, porque nós podemos comunicar.                                                                            Aprofundar o sistema. No nosso fórum, já fazemos um sínodo permanente. Nas bases. Nós damos o instrumento de um concílio e o começamos.
UM MODELO POSSÍVEL
O “Sínodo na Base” propõe um modelo de base. Ele comporta tantas formas quantas quisermos: fóruns, informação, documentação, catequese, bíblia, liturgia, definições teológicas em linguagem moderna, etc. Talvez ele ajude a pensar o que podemos fazer.
·        Ele quer ser sínodo, portanto coisa da Igreja. Eclesial.
·        Na Base: - no átrio da Igreja – não contra o daqueles que estão no “coro,” onde toda a voz discordante é previamente proibida, mas no lugar de encontro do fiel e do mendigo, do crente e do transeunte, da Igreja e do mundo.Lugar onde a gente pode falar, rir, até mesmo destoar.
·        Os lugares de intercâmbio, ou seja, os fóruns, tem prioridade sobre as outras formas, e principalmente sobre a formulação de documentos. A experiência mostra que é pela porta dos fóruns que a maioria das pessoas entram. É em função do que aí se diz que os documentos podem ser produzidos, instrumentos de reflexão. Os teólogos não estão em primeiro, mas em segundo lugar. O conteúdo (teológico, histórico, bíblico, litúrgico) está a serviço da vida. Os fóruns podem levar a grupos fechados: os que desejarem dedicar-se a um assunto determinado, podem também fazê-lo.
·        Nós podemos multiplicar tais sínodos (locais, por língua) e ligá-los. Ou seja, poder inspirar-se uns nos outros em função da problemática própria de cada um, tomar de empréstimo documentos, transmitir uns a outros as descobertas, chamar especialistas a refletir...etc.
Se nós fazemos isto, nós criamos o acontecimento. Não há necessidade de tomar o Vaticano de assalto. A hierarquia acabará vendo onde é que o povo de Deus está. Já, no sínodo da Base, alguns bispos vêm de mansinho, tomam a palavra sem mitra nem cruz peitoral. Eles também podem estar felizes de entrar na comunidade de base. Então eles serão reconhecidos.
É evidente que tais sínodos são inicialmente ecumênicos, mas podem ser também próprios a cada Igreja. Então poderemos entrar em Concílio.         Jean-Pierre Bagot (Paris)  -  1999, Santa Severa, Roma, Itália.
Meu comentário. Descubro neste sistema, um facilitador muito bom para desenvolver as CEBS. E numa direção inversa, as CEBS provocarem a formação de FORUNS, os mais diversos, como sugere o documento. Para mim, essa é uma grande possibilidade e esperança de renovação da Igreja: a sua sinodalização. Vamos experimentar?