IGREJA-SOCIEDADE ALTERNATIVA

A explicação do sentido desse título, está em ARQUIVO DE POSTAGENS, out. 29 de 2011

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Religião católica romana (e outras) não sintonizam com o evangelho de Jesus cont. (p55)

Estou continuando a transcrever (desde o post 51) o artigo divulgado pela IHU On line, do teólogo espanhol, José Maria Castillo.


"As consequências, que se seguiram de tudo isso, não são fáceis de analisar.(...) Em todo o caso devo chamar a atenção sobre dois fatos que me parecem de especial relevância para a Igreja e para a vida cristã:



1) Um pensamento determinado mais pela metafísica do que pela história,isto é, mais preocupado com o "ser" do que com o "acontecer" (B.Welte). Por isso, a Igreja e sua teologia se interessam mais,por exemplo, em saber quem é Deus ou Jesus, do que ter presente o que acontece quando Deus está presente ou quando Jesus é quem conduz a nossa vida.Isso teve uma influência de enormes consequências,por exemplo, no dogma cristológico.E,antes que isso, no próprio "Credo" da Igreja.



2) Um direito eclesiástico em que o direito romano deixou sua marca em assuntos de enorme importância, por exemplo a ideia e a praxis do poder e da autoridade. Uma ideia que, tal como é entendida e colocada em prática na Igreja, não se fundamenta no Evangelho, mas sim no direito romano.



A conclusão de tudo o que se disse é clara: o cristianismo "oficial" e a Igreja institucional representam um fato global inadaptado na sociedade e na cultura atual. Aqui, seria bom lembrar que a religião que teve uma duração mais longa,na história da civilização, é a primeira das religiões que conhecemos, a religião da Mesopotâmia. Pois bem Jean Bottéro disse, referindo-se a essa antiquíssima religião, que seus devotos a edificaram " através de numerosas etapas, pouco a pouco, em perfeita coerência com sua própria maneira de ser, de viver, de ver e de pensar." Pois bem, é precisamente isso o que o nosso cristianismo "oficial" e a nossa Igreja não tem. O cristianismo que as pessoas veem e a Igreja que as pessoas veem não estão edificados em perfeita coerência nem com a maneira de pensar, nem com a forma de viver da grande maioria das pessoas do nosso tempo.Por isso, a partir de não poucos pontos de vista, a Igreja e sua mensagem não interessam.E,o que é pior, frequentemente provocam rejeição".

OBSERVAÇÃO ao texto: o autor na sétima linha escreve "...quando Jesus é quem conduz a nossa vida". Essa expressão é ambigua: como está, sugere que Jesus produz os acontecimentos que direcionam as vidas de cada um.O que não procede.Contradiz nossa liberdade. Mas deve ser interpretada que Jesus inspira na consciência de cada pessoa o melhor caminho a seguir, e a pessoa pode ou não atender.
Uma outra observação sobre o último parágrafo ( A conclusão de tudo o que se disse...) farei no próximo post, pois requer uma colocação mais longa.