IGREJA-SOCIEDADE ALTERNATIVA

A explicação do sentido desse título, está em ARQUIVO DE POSTAGENS, out. 29 de 2011

domingo, 19 de maio de 2013

O Brasil tem um único problema.(p 114)



O Brasil tem um, somente um problema !!!                                                                   

Não se trata de um gracejo irônico.    No  BLOG DA CIDADANIA, (www.blogdacidadania.com.br) Eduardo Guimarães postou um texto (em 13/ 05/13) de sua autoria, deveras impressionante. Ele mostra com muita clareza, que todos os muitos e grandes problemas e carências da nossa nação, são decorrências de apenas UM: o INDIVIDUALISMO. Um enorme individualismo. O único problema do Brasil.

Cabe se perguntar: qual a contribuição da igreja católica – e das reformadas – na formação do povo brasileiro que forjou e está forjando  esse perfil desastroso.
O individualismo é mundial, como o capitalismo que o alimenta. O que varia é sua dosagem nos vários povos. O cristianismo – não o Evangelho – num certo momento de sua historia, desandou também rumo ao individualismo. Quem descreve como  isso aconteceu é Gerard Lohfink na "Introdução" do seu livro A IGREJA QUE JESUS QUERIA, (editora Academia Cristã). Vou destacar e resumir alguns tópicos desse texto que leva o título: A HERANÇA DO INDIVIDUALISMO, adicionando alguns comentários.  

Por volta de 1900, Adolf Von Harnack um dos mais  importantes e  influentes teólogos protestantes, publicou sua famosa obra   A ESSÊNCIA DO CRISTIANISMO. Aí ele diz: “ O Reino de Deus vem, aborda os indivíduos, instalando-se em suas almas, e eles o captam.O Reino de Deus é soberania de Deus, disso não há dúvida - mas é a soberania do santo Deus, nos corações dos indivíduos, é o próprio Deus com sua força.”  Conforme Harnack, portanto, o Reino de Deus, não vem a uma comunidade; ele vem ao individuo. Assim como o Reino de Deus não acontece numa comunidade, mas no individuo, ele também não atinge o exterior, mas o interior, o homem interior, a alma.

Mas, segundo Lohfink,  Harnack sabia, que a  Igreja primitiva, se compreendia como novo povo de Judeus e gregos, de gregos e bárbaros e via como sua tarefa mais nobre, cumprir plenamente a vontade de Deus, e assim “apresentar-se como comunidade santa”. Por mais que Harnack soubesse que a Igreja é visível, enquanto tem que se concretizar sempre em associações concretas, em última analise, para ele, ela continua sendo apenas uma comunidade espiritual, uma societas in cordibus (sociedade nos corações) que não podia ser identificada com nenhuma das igrejas concretas do seu tempo. O pior é que Harnack não está sozinho com esta imagem individualista de Igreja e de redenção. Ele representa  uma ampla corrente de teologia liberal do fim do século XIX e  começo do século XX. 

A ideia de que o Reino de Deus podia vir somente ao individuo, que ele era algo profundamente interior, e, que, por isso, a Igreja devia ser em primeiro lugar, uma sociedade espiritual, estava bem difundida na teologia protestante daquele tempo.
Há muitos indícios de que a teologia e piedade católicas participaram com muito mais intensidade no individualismo da teologia protestante, do que elas próprias imaginaram.

A posição individualista da teologia liberal, como se apresenta em Harnack – apesar de todas as correntes opostas – ainda hoje é ativa em muitas ramificações e metamorfoses, segundo Lohfink.                                        No Brasil de hoje, os Grupos de Oração, a Renovação Carismática Católica, a Canção Nova e os cultos pentecostais, são nichos produtores de individualismo religioso em franco crescimento, que reforçam o individualismo social e político do nosso sistema capitalista, fonte primeira e maior de todas as nossas "desventuras", como demonstrou Eduardo Guimarães no seu "blog da cidadania".