IGREJA-SOCIEDADE ALTERNATIVA

A explicação do sentido desse título, está em ARQUIVO DE POSTAGENS, out. 29 de 2011

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Clericalização ou clericalismo ? A praga é a mesma. Cont. (p 103)

 O Oliveri, como prometi no texto passado, mostra hoje, como, na prática,  pode-se extinguir o clericalismo, através de uma nova redistribuição dos ministérios, para chegar ao ideal de uma Igreja toda ministerial.
 O texto está no livro "IGREJA sonhos...ousadias...mudanças..." ( Novas Formas Editorial, 1995 )
"Não haverá novas formas de ser  Igreja sem um novo modo de ser Pastor.Neste momento o padre tem poder demais. O padre atual  concentra em si ministérios que poderiam ser diversificados.
1   -    “Sacerdote” presidente da Eucaristia. Este ministério deveria ser assumido pelo animador principal de cada comunidade eclesial, casado ou solteiro, homem ou mulher, sem precisar de uma preparação teológica especial, mas sim de profunda sintonia com sua comunidade. Por que não pode ser reconhecido o poder de consagrar aos atuais ministros que presidem a maioria das celebrações dominicais no Brasil?  O que lhes falta? O estudo teológico deveria servir para a pregação, que eles já assumem.Nem precisariam ser liberados a tempo integral, nem mantidos  pela comunidade.
2   -   Ministro da Palavra,  chamado a “instruir, refutar, corrigir,educar na justiça” (2 Tm. 16), como os antigos “profetas e doutores.” Para tal ministério se requer carisma, capacidade e inclinação especiais, como também preparação, estudos bíblicos e teológicos. Não é necessário o celibato nem o exercício da presidência da Eucaristia. A esses ministros seria confiada a “formação doutrinal” dos outros ministérios e dos  catequistas . Nada impede que sejam mulheres.
3   -   Pastor, dirigente da comunidade local. Não precisaria ser necessariamente teólogo e celibatário, nem sempre coincidir com o que celebra a Eucaristia. Deveria ser uma pessoa prática, “política” com capacidade de discernir os carismas da comunidade e ajudar cada um a colocar seus dons a serviço de todos. É o papel de coordenação, de administração.
4   -   “Religioso”. É um aspecto não ministerial mas vivencial: a opção pela vida consagrada, celibatária, na pobreza e no espírito de dedicação à comunidade, testemunho vivo de Cristo a ser dado por aqueles que se sentem chamados a este particular “serviço” na Igreja. Serviço essencial à Igreja como um todo, não tem que ser necessariamente ligado aos ministérios precedentes.
O padre atual soma estas 4 dimensões, pois é liturgo, teólogo, pastor e celibatário: é demais. Para que as CEBS (comunidade eclesial de base) possam viver, é necessário que seus membros possam dizer com todo o direito:” a Igreja somos nós”. Que haja entre eles ministros legítimos, escolhidos pela comunidade, que possam celebrar a Eucaristia, como hoje já podem ler e interpretar a Palavra. Esses ministros, sinais visíveis e sacramentos da unidade da comunidade, não seriam os “chefes” da mesma, que teria outros como “profetas” e outros ainda como “pastores”, rumo a uma Igreja toda ministerial.
O susto é: “e os padres de agora?” Pois bem, sejam o que são: Bispos! São os responsáveis pela UNIDADE visível ENTRE as comunidades do mesmo lugar (região, cidade ou parte dela). É um serviço que se realiza através das visitas, do encorajamento aos dirigentes locais, da promoção de encontros e outros meios de entre-ajuda para troca de experiências.
Há séculos se luta contra “ a falta de vocações”. O fato de nossas orações não terem sido atendidas, não seria um sinal do Espírito para reconhecermos as múltiplas e numerosas vocações que já existem, para novas formas de ministérios?
Parece que assim não teríamos falta de padres no Brasil. Já teríamos pelo menos o triplo do número atual, pois a CNBB reconhece que  75% das celebrações dominicais são dirigidas por leigos. Bastaria reconhecer a possibilidade de celebrar a Eucaristia a todos os ministros que já celebram o culto nas comunidades. Talvez, o único problema seja que haveria  BISPOS    demais."

Talvez você diga: puxa, que beleza se fosse assim! Por que as autoridades da Igreja não implementam isso ?... A resposta está no post anterior, de mesmo título.