É COM IMENSO PESAR QUE COMUNICAMOS AOS LEITORES E SEGUIDORES DESTE BLOG, QUE O SR. NORBERTO LUIZ DE SOUZA INFELIZMENTE NÃO SE ENCONTRA MAIS ENTRE NÓS DESDE 28.12,2019.
AQUELES QUE PORVENTURA QUEIRAM ENTRAR EM CONTATO COM OS FAMILIARES, DEVEM SE UTILIZAR DO SEGUINTE ENDEREÇO DE E-MAIL:
meufrasiapsouza@hotmail.com a/c de Eufrasia.
SEM MAIS PARA O MOMENTO.
IGREJA - SOCIEDADE ALTERNATIVA
Um blog inspirado na tradição das primeiras comunidades cristãs.
IGREJA-SOCIEDADE ALTERNATIVA
A explicação do sentido desse título, está em ARQUIVO DE POSTAGENS, out. 29 de 2011
terça-feira, 21 de julho de 2020
quarta-feira, 10 de junho de 2015
COMUNICAMOS AOS LEITORES E SEGUIDORES DESTE BLOG, QUE POR MOTIVOS DE SAÚDE, O SR. NORBERTO LUIZ DE SOUZA, ENCONTRA-SE IMPOSSIBILITADO DE ATUALIZAR E RESPONDER AOS POSTS.
AQUELES QUE PORVENTURA QUEIRAM ENTRAR EM CONTATO COM OS FAMILIARES, DEVEM SE UTILIZAR DO SEGUINTE ENDEREÇO DE E-MAIL:
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SEM MAIS PARA O MOMENTO, AGRADECEMOS OS VOTOS DE MELHORA E PRONTA RECUPERAÇÃO.
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domingo, 27 de julho de 2014
Como viviam os cristãos no sec.II (p 138)
A vivencia concreta das comunidades cristãs antigas (sec.II e III) no seguimento de Jesus é pouco conhecida.No entanto muitas de suas atitudes que devíamos ter conservado, perdemos e nos desfiguramos como povo de Deus. O livro " A Igreja que Jesus queria" do Gerard Lohfink tem páginas preciosas que relatam o que escritores da época testemunhavam sobre os grupos cristãos.
Em seguida transcrevo algumas páginas do capítulo intitulado "A fraternidade cristã".
"Que o
tratamento de irmão e irmã nas comunidades não era apenas uma expressão bonita,
mostra o serviço de assistência, que se estendia, em princípio, a todos os membros da
comunidade, que necessitavam de
auxílio; algo que era revolucionário
frente a sociedade pagã. Tratava-se principalmente, das viúvas, dos órfãos, dos
velhos e doentes, dos inválidos, dos desempregados, dos presos e dos banidos,
dos cristãos que estavam em viagem e de todos os membros da comunidade que
passavam necessidades. Além disso vinha ainda
a preocupação por um enterro digno dos pobres.
Dos elementos mencionados nesta lista, merece realce
especial o cuidado da comunidade por
seus inválidos e desempregados. As comunidades exigiam de todos os que
podiam trabalhar, que trabalhassem e até
arranjava na medida do possível, empregos para eles. Mas quem não podia mais
trabalhar podia estar seguro de receber
auxílio da comunidade. Assim foram criados um sistema de mediação de empregos e uma rede de segurança social, que eram
únicos no tempo antigo. Eles baseavam-se na ajuda mútua e em ofertas espontâneas , que geralmente eram recolhidas
durante a celebração eucarística aos domingos. Assim, dentro de sua conhecida descrição da celebração
cristã, Justino diz:
Mas quem tem os meios e a boa
vontade, dá, conforme seu próprio parecer, o que quer e aquilo que é recolhido,
é depositado com o dirigente; com isto, ele ajuda órfãos e viúvas, aqueles que
por causa de doença ou por qualquer outra razão passam necessidades, os presos
e os estrangeiros que estão presentes na comunidade
(Justino,Apologia I. 67...).
Este
sistema de assistência altamente eficiente,contudo, não se limitava à própria
comunidade local.Temos uma série de provas de que a ajuda se estendia também a
comunidades cristãs vizinhas nas quais surgira uma necessidade especial.Especialmente a comunidade de Roma
era conhecida por sua ajuda a comunidades de outras cidades. O bispo Dionísio
de Corinto escreve à comunidade de Roma, por volta do ano 170:
Desde o começo, vocês tinham o
costume de ajudar a todos os irmãos de várias maneiras e de mandar auxílios a
muitas comunidades em todas as cidades. Pelos donativos que desde outrora
mandaram, mantendo assim, como Romanos, uma tradição romana antiga, vocês
aliviam a pobreza dos necessitados e auxiliam os irmãos que vivem nas minas.
Seu santo bispo Sóter não só manteve este costume, mas ainda o ampliou (Eusébio,História da Igreja IV,
23.10...).
Tanto
dentro das diversas comunidades como na Igreja em sua totalidade, irmandade não
era uma palavra vazia. “Enquanto a doutrina cristã, aos olhos dos seus
adversários parecia utópica e irreal,
ela mostrava-se no seu uso prático como orientação concreta para resolver as
necessidades econômicas e sociais, pelo
menos, dos membros das comunidades “ (H.Kraft...)
Com tudo
isto é claro o que a Igreja antiga entendia com o termo amor (ágape).Não um sentimento nobre, mas uma
ajuda bem concreta – dada especialmente aos irmãos na fé. Esporadicamente ágape pode envolver também pessoas fora
da Igreja, segundo a tradição de Mt 5,43-48.Mas geralmente o termo é entendido
da mesma maneira como é usado na linguagem do Novo Testamento,isto é, amor
mútuo dentro da comunidade. Assim Aristides, em correspondência exata à terminologia
da literatura das epístolas do Novo Testamento, diz, no capítulo 15 de sua
apologia, dos cristãos:
Aos ímpios, eles oferecem benefícios
com solicitude (15,5), uns aos outros eles amam-se (15,7)".
No próximo texto o Lohfink continuará mostrando vivências dos cristãos do II e III séculos.
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quarta-feira, 2 de julho de 2014
A que ponto a Igreja católica tem necessidade de renovação.(p 137)
A presidente do movimento “Nós somos Igreja” é excomungada.
A austríaca Martha Heizer ,
figura de proa do movimento reformista católico, acaba de ser excomungada.
A reportagem é de Anna Latron e
publicada no sítio da revista francesa La Vie, 22-05-2014. A
tradução é de André Langer. O IHU on-line, divulgou para nós.
É o epílogo de uma longa queda de
braço entre o movimento Wir sind Kirche (Nós somos Igreja) e o Vaticano.
Segundo as informações do Tiroler
Tageszeitung, Martha Heizer, a presidente austríaca do
movimento laico crítico a Roma, acaba de ser excomungada. A pena
atinge também seu marido, Gert Heizer. De acordo com o jornal
alemão Die Welt, a informação é confirmada “por círculos
católicos”.
O bispo de Innsbruck, Manfred
Scheuer, “teve de apresentar pessoalmente o decreto ao casal na
quarta-feira, dia 21 de maio, à noite”, precisa a Rádio ORF Tirol.
O bispo leu, pois, o conteúdo do decreto aos dois interessados, que, em
seguida, se recusaram a aceitar o documento. “Nós não o aceitamos, porque nós
questionamos o conjunto do procedimento”, declarou Martha Heizer à
radio austríaca.
Na manhã desta quinta-feira, ela explicou em um comunicado estar
“profundamente chocada com o fato de ser colocada na mesma categoria que os
padres pedófilos”. Para ela, “este procedimento mostra a que ponto a Igreja
católica tem necessidade de renovação”.
Missas privadas
O motivo das duas excomunhões?
Eucaristias privadas celebradas sem padre na casa do casal. Há muitos anos, Martha
Heizer não oculta o fato de que ela e seu marido acolhem em sua casa
essas celebrações, das quais alguns fiéis participam regularmente. Essas
simulações de eucaristias constituem ‘delicta graviora’ (delitos graves)
para a Igreja católica.
“O assunto provocou muito barulho
desde 2011”, explica o Tiroler Tageszeitung, com a intervenção do
bispo local. A Congregação para a Doutrina da Fé anunciou, na
sequência, a criação de uma comissão.
Martha Heizer é a presidente do movimento reformista desde o dia 07 de abril
último. Um movimento criado na Áustria em 1995 e do qual ela é
uma das fundadoras. Com 67 anos, Martha Heizer é conhecida por
suas posições favoráveis à ordenação de mulheres e a “uma renovação da Igreja
através dos leigos”, precisa o jornal Die Welt. Desde 2012, ela
preside o International Movement We are Church, o Movimento
Internacional Nós somos Igreja.
Por esta decisão, Gerhard
Ludwig Müller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé,
continua fiel às suas posições anteriores: em 2009, quando estava à frente da
diocese de Regensburg, o prelado alemão suspendeu Paul
Winckler, presidente alemão do Wir sind Kirche.
O bispo de Inssbruck confirma
No final da tarde desta quinta-feira,
o bispo Manfred Scheuer confirmou à Apic, “a
auto-excomunhão” de Martha Heizer e de seu marido. Ele lembra
que a realização dessas eucaristias sem padre, reveladas pela televisão
austríaca ORF em 2011, o obrigaram a abrir uma investigação e
a “tomar medidas legais”. Foi para ele “um fracasso (...) o fato de não ter
convencido os esposos Heizer a rever sua opinião e, assim,
evitar este procedimento”. Ele precisa ainda à Apic que “a
constatação desta ‘auto-excomunhão’ não é uma vitória, mas uma derrota para a
Igreja” e que é com “grande pesar” que ele a executa.
“Como a eucaristia essencialmente é a
festa de toda a Igreja, não pode haver ‘eucaristia privada’”, prosseguiu o
bispo de Innsbruck. “Os critérios de validade da eucaristia não podem
depender da vontade subjetiva e do estado de espírito das pessoas envolvidas”.
De acordo com as informações da Apic,
o movimento Nós somos Igreja deverá organizar em Roma,
em outubro próximo, um “sínodo paralelo” ao sínodo extraordinário sobre a
família, que acontecerá no Vaticano.
Observação. Você pode verificar que num dos primeiros posts deste blog apresentei esse movimento internacional; sou adepto dele, só que ressalvei na ocasião que não concordava com uma das reivindicações: ordenação sacerdotal das mulheres. Em 2011 postei um texto (dividido em 3) intitulado: A Igreja precisa do sacerdócio também de mulheres? (8/10/2011) argumentei que não precisa do sacerdócio, nem de homens nem de mulheres. Jesus não instituiu um sacerdócio. Discorri sobre isso nos cinco posts seguidos a partir de 10/07/2010. Por isso o casal excomungado estava absolutamente certo, de acordo com o Novo Testamento e com a prática das primeiras comunidades cristãs. Essas chamadas "missas privadas", nem são privadas, nem simulações de missa, como refere o texto. Nem são também "a festa de toda a Igreja". São reunião da comunidade de fé para realizar a autêntica Eucaristia que é Memorial da Nova Aliança, como também mostrei nos três posts seguidos a partir de 7/7/2012. Completamente errado está o Vaticano com essa excomunhão.
Observação. Você pode verificar que num dos primeiros posts deste blog apresentei esse movimento internacional; sou adepto dele, só que ressalvei na ocasião que não concordava com uma das reivindicações: ordenação sacerdotal das mulheres. Em 2011 postei um texto (dividido em 3) intitulado: A Igreja precisa do sacerdócio também de mulheres? (8/10/2011) argumentei que não precisa do sacerdócio, nem de homens nem de mulheres. Jesus não instituiu um sacerdócio. Discorri sobre isso nos cinco posts seguidos a partir de 10/07/2010. Por isso o casal excomungado estava absolutamente certo, de acordo com o Novo Testamento e com a prática das primeiras comunidades cristãs. Essas chamadas "missas privadas", nem são privadas, nem simulações de missa, como refere o texto. Nem são também "a festa de toda a Igreja". São reunião da comunidade de fé para realizar a autêntica Eucaristia que é Memorial da Nova Aliança, como também mostrei nos três posts seguidos a partir de 7/7/2012. Completamente errado está o Vaticano com essa excomunhão.
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segunda-feira, 9 de junho de 2014
Sinodalidade equivale à democratização na Igreja. (p 136)
Recentemente o papa Francisco concedeu uma entrevista às Revistas da Companhia de Jesus (jesuítas); dois teólogos espanhóis de prestigio fizeram uma avaliação da conversa, cada um focalizando um aspecto:José Maria Castillo destacou a SINODALIDADE e Juan Masiá, o DISCERNIMENTO. Hoje vou me ater apenas à sinodalidade, pois é um tema muito pertinente ao objetivo deste blog, tanto que já abordei em 2012 no p 107 de 21/10 sob o título, Sinodalização da Igreja; nele defendi e encareci esse processo.
A compilação é de José Manuel Vidal, publicada pelo sítio Religion Digital. A tradução é do Cepat. A divulgação é do IHU Noticias de 24/9/2013.
De Gregório VII a Francisco
A compilação é de José Manuel Vidal, publicada pelo sítio Religion Digital. A tradução é do Cepat. A divulgação é do IHU Noticias de 24/9/2013.
De Gregório VII a Francisco
“O futuro da Igreja está na recuperação de seu passado.
O passado que nos leva diretamente ao galileu Jesus de Nazaré. Se
não partirmos por esse caminho, a Igreja não irá a lugar
algum. Se o Evangelho é o centro, o decisivo não será a
religião. O centro será a humanidade, tudo o que nos humaniza. Por isso,
o Papa é notícia mundial”, enfatiza o teólogo José
Maria Castillo .
Eis o artigo.
Tenho a impressão de que somos muitos os católicos, e muitos os
cidadãos, que ainda não nos demos conta da extraordinária importância que
implica a longa entrevista que o papa Franciscotornou pública, para
tornar conhecidas suas ideias e seus projetos.
O Papa é claro no que diz. É de enorme interesse o que Francisco afirma
sobre a moral sexual, a respeito da qual ferrenhamente o clero tanto insiste,
sobre suas ideias políticas, sobre a misericórdia e a bondade que todos nós,
seres humanos, devemos colocar em prática, sobre a religiosidade e outras
questões que seria demorado enumerar. No entanto, o assunto mais importante
tratado pelo Papa, em meu modo de ver, suspeito que escapa para
muita gente. Trata-se de que a teologia, como acontece com a biologia ou a medicina,
não está ao alcance de todo mundo. Mesmo assim, jornalistas e comentaristas,
que não se atreveriam a opinar sobre questões técnicas de biologia, avaliam
tranquilamente assuntos teológicos que exigem muitos anos de estudo e reflexão.
Porém, vamos ao assunto que interessa. Há cerca de mil anos, em 1073, foi eleito papa um monge que assumiu o nome de Gregório VII. Eram tempos ruins para a Igreja. Como se sabe, as investiduras estavam no auge. Os senhores feudais nomeavam bispos, abades, e todo tipo de cargos eclesiásticos de acordo com o seus caprichos (ou segundo suas conveniências). A Igreja estava nas mãos dos leigos, no pior sentido que esta afirmação possa ter. Foi então que Gregório VII decidiu acabar com esta situação, que era necessário e urgente. Contudo, para conseguir êxito, não lhe veio outra solução a não ser concentrar todo o poder da Igreja no papa.
O critério determinante foi formulado pelo melhor conhecedor desta história, Y.
Congar: “Obedecer a Deus significa obedecer à Igreja, e isto,
por sua vez, significa obedecer ao papa e vice-versa”. Gregório VII afixou
suas convicções num famoso documento que consistia em 27 contundentes axiomas,
que são resumidos em três critérios patéticos: 1) o papa é senhor absoluto
da Igreja; 2) o papa é senhor supremo do mundo; 3) o papa se
converte indubitavelmente em santo (H. Küng).
Ao atribuir para si estes poderes, Gregório VII encerrou
uma longa etapa de dez séculos na história da Igreja. Séculos nos
quais a Igreja floresceu, cresceu e forjou uma cultura, que o
monge Hincmaro de Reims soube sintetizar de forma admirável:
“A Igreja se expressa em plenitude nos concílios ecumênicos,
regulando sua vida histórica por meio dos sínodos em que se reúnem os bispos de
uma determinada região”. O que quer dizer que o governo ordinário da Igreja não
era gerido a partir de Roma, mas mediante os sínodos locais, que eram
presididos pelos bispos de uma região. Sempre tomando as decisões democraticamente,
com a participação de todos os membros de cada sínodo local. As nomeações de
bispos, as leis litúrgicas e canônicas, etc, eram adotadas nos sínodos.
A Igreja não
tinha uma estrutura de governo “curial”, mas “sinodal”. Somente assim eram
conhecidos os problemas que se precisava resolver, tomando-se as decisões
adequadas. Deste modo, aquela Igreja contou com uma vida
crescente, durante mil anos.
O atual bispo de Roma, o papa Francisco, acaba de anunciar a
todos que a Igreja retoma o governo sinodal. Será como aquele
do primeiro milênio? Não pode ser idêntico, contudo, pelo que foi dito pelo
papa, certamente, irá por esse caminho. Disse Francisco em sua
recente entrevista:
“Os dicastérios romanos estão a serviço do Papa e dos
bispos: têm que ajudar as Igrejas particulares e as conferências episcopais.
São instâncias de ajuda. Mas, em alguns casos, quando não são bem entendidos,
correm o risco de se converterem em organismos de censura. Impressiona ver as
denúncias de falta de ortodoxia que chegam a Roma. Penso que quem deve estudar
os casos são as conferências episcopais locais, às quais Roma pode servir de
valiosa ajuda. A verdade é que os casos são tratados melhor no próprio local.
Os dicastérios romanos são mediadores, não intermediários nem gestores.”
Esta é a ideia que Francisco tem sobre o papel que
corresponde às Congregações da Cúria Vaticana. O Papa as
coloca a serviço das Conferências Episcopais. E não ao contrário.
Todavia, a coisa não fica só nisto. O redator da entrevista relembra que
no último dia de São Pedro, 29 de junho, o papa definiu “a via da
sinodalidade” como o caminho que conduz a Igreja unida “a
crescer em harmonia com o serviço do primado. Em consequência, minha pergunta é
esta: Como conciliar harmonicamente primado petrino e sinodalidade? Que
caminhos são praticáveis, inclusive na perspectiva ecumênica?” Esta pergunta é
forte e assim que se começar a colocar em prática o projeto apontado, tudo
mudará. Porque, no fundo, o que diz é que todos nós, cristãos, sentaremos
juntos – independente da confissão de cada um – para seriamente dividirmos
nossas propostas, até chegarmos ao feliz dia de recuperação da unidade perdida.
Por isso, sem dúvida, o próprio Francisco seguiu dizendo:
“Devemos caminhar juntos: as pessoas, bispos e o Papa. Devemos
viver a sinodalidade em vários níveis. Talvez seja tempo de mudar a metodologia
do sínodo, porque a atual parece-me estática. Isto poderá também ter valor
ecumênico, especialmente com os nossos irmãos ortodoxos. Deles se pode aprender
mais sobre o sentido da colegialidade episcopal e sobre a tradição da
sinodalidade. O esforço de reflexão comum, vendo o modo como se governava
a Igreja nos primeiros séculos, antes da ruptura entre Oriente
e Ocidente, acabará dando frutos”. E o redator acrescenta estas palavras
de Francisco, palavras que precisam remover as bases da teologia:
“Temos que caminhar unidos nas diferenças: não existe outro caminho para nos
unirmos. O caminho de Jesus é esse”.
Com uma adição
final que cala a boca daqueles que vivem do protesto contra o que vem de Roma:
“É necessário ampliar os espaços de uma presença feminina mais incisiva
na Igreja. Temo a solução do “machismo de saias”... As mulheres têm
vindo a colocar perguntas profundas que devem ser tratadas... O gênio feminino
é necessário nos lugares em que se tomam as decisões importantes. O desafio
hoje é exatamente esse: refletir sobre o lugar específico da mulher,
precisamente também onde se exerce a autoridade nos vários âmbitos da Igreja”.
Este papa é notícia mundial porque assumiu seriamente o Evangelho.
E mais seriamente ainda, a centralidade de Jesusna vida. O central
não é a religião e seus ritos, nem os dogmas e suas ortodoxias. Francisco não
fala sobre nada disso. Aqui, não se escuta a monotonia da pregação clerical,
moralizante, ameaçadora e frequentemente excludente. O futuro daIgreja está
na recuperação de seu passado. O passado que nos leva diretamente ao
galileu Jesus de Nazaré. Se não partirmos por esse caminho, a Igreja não
irá a lugar algum. Se o Evangelho é o centro, o decisivo não
será a religião. O centro será a humanidade, tudo o que nos humaniza. Por isso,
o Papa é notícia mundial.
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quinta-feira, 1 de maio de 2014
A divulgação oficial estaria próxima. (p 135)
Continuação
do post anterior
A Academia Pontifícia de Ciências do Vaticano
promoveu uma Conferencia de 5 dias, em novembro de 2009, sobre Astrobiologia.
O maior incentivador do encontro foi o diretor do Observatório do Vaticano, o
jesuíta José Gabriel Funes. Cerca de 30
especialistas internacionais em física, astronomia e biologia participaram; vários eram não crentes.
Funes , em
maio de 2008 deu uma entrevista ao jornal oficial do Vaticano dizendo que a
existência de extraterrestres inteligentes não
colocava nenhum problema para a teologia católica.
Essa
abertura do Vaticano para a discussão de vida extraterrestre inteligente, é
parte de uma política de abertura ou desacobertamento, adotada secretamente
pelas Nações Unidas - ONU - desde de fevereiro de 2008. O Vaticano
tem um papel preponderante na preparação da população do mundo católico, para
um anúncio formal da presença dos aliens entre nós.
Essa nova
abertura do Vaticano é consistente com
relatórios de discussões secretas
realizadas na ONU, iniciadas em 2008. O representante diplomático permanente do
Vaticano nas Nações Unidas, arcebispo Celestino Migliore, participou de
discussões junto com outros diplomatas para discutir o aumento dos avistamentos
de OVNIS e as implicações da visita dos
aliens. Dessas discussões uma nova política de abertura foi adotada por 30 nações a partir de 2009.
O patrocínio
da Conferencia pelo Vaticano foi um verdadeiro “marco.” Mostrou que ele estava disposto
a iniciar um diálogo global sobre as implicações teológicas da descoberta de
vida extraterrestre inteligente.
Essa
Conferencia é mais um sinal de que, grandes
instituições globais estão se preparando para algum tipo de divulgação
formal/oficial sobre nossos "irmãos cósmicos"; resultado também das reuniões secretas da ONU anteriormente
apontadas. Percebe-se que o Vaticano está preparando também o seu público para
isso. Numerosas fontes preveem que tal divulgação
é iminente e que a administração Obama deve desempenhar um papel de destaque.
A posição
teológica do Vaticano, de que os
aliens são nossos irmãos, é uma posição mais bem vinda, do que
outras ideias mais hostis de vida extraterrestre, encontradas em algumas
denominações religiosas e em filmes de Hollywood.
Tudo isso,
inclusive a aproximação da enorme massa de energia que seria o planeta-cometa
Nibiru referida no post anterior, com suas consequências desastrosas, nos provoca para uma reflexão indispensável: situações calamitosas que atingirão de alguma
forma, a humanidade inteira, vão exigir que sejamos muito mais, aquilo que
temos sido muito pouco, isto é, solidários de verdade, menos violentos, menos
consumistas, menos egoístas, menos competidores e mais colaboradores. Será uma
crise para crescimento espiritual e moral que nos forçará a passar de nossas
atitudes nefastas de moleques, para uma nova responsabilidade adulta coletiva,
destruindo nossa arrogância e orgulho diante do poderio da natureza e da superioridade evidente dos extraterrestres. Uma nova humanidade poderá ressurgir, finda
a tempestade. O homem predador da natureza e dos seus semelhantes, despertará sua consciência para uma nova era de amor
verdadeiro.
Este texto é em grande parte um resumo do artigo:Vaticano e a revelação de vida extraterrestre, publicado (março de 2014) pelo site thoth3126 . Fonte www.examiner.com EXOPOLITICA - por Michael Salla
Este texto é em grande parte um resumo do artigo:Vaticano e a revelação de vida extraterrestre, publicado (março de 2014) pelo site thoth3126 . Fonte www.examiner.com EXOPOLITICA - por Michael Salla
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sábado, 19 de abril de 2014
João XXIII e o alien .O que conversaram? ( p 134 )
No próximo
27 de abril, o Vaticano em festa, celebrará
a canonização de dois papas, isto é,
ficarão “oficialmente” santos: João Paulo II e João XXIII. Já publiquei neste blog textos com
minha desaprovação em santificar João Paulo II. Quanto a João XXIII empreendedor do Concilio Vaticano II, até onde eu sei, não desmerece o título. Até
os alienígenas o prestigiaram!!
Há vários
anos está divulgado na internet, um
episodio de contato de um extraterrestre com João XXIII. Apresento um resumo. Em 1961, no jardim
da residência de verão dos papas em Castel Gandolfo, João 23 e seu assistente,
o bispo Loris Capolvilla, hoje um dos cardeais mais idosos, caminhavam. Desceu uma espaçonave sobre o
jardim. Um ser com forma humana, mas com orelhas alongadas, saiu e parou.
Perplexidade nos dois religiosos. Após alguns minutos o papa se aproxima. Os
dois ficam juntos de 15 a 20 minutos. O secretário, a distancia, não conseguiu
ouvir se conversavam, mas parecia que
sim.O viajante embarca na nave e some. O
papa volta e diz ao assistente: ”Os filhos de Deus estão em todas as partes:
algumas vezes temos dificuldade em reconhecer a nossos próprios irmãos”. Só em
2005 Loris contou à imprensa, pois o papa teria dito que o episodio deveria
ficar em segredo.
Hoje não são
muitos os que desacreditam da existência de vida inteligente ( e que
inteligências!!! ) fora da Terra.Em maio de 2008 o Vaticano declarou a possibilidade de existência de extraterrestres e que isto não afetava a crença em Deus.
O que pode
surpreender especialmente os católicos, é se ficarem sabendo, o quanto o
Vaticano investe em observatórios
astronômicos, em várias partes do mundo, para pesquisa do espaço
sideral.
Vou resumir
algumas das muitas informações a respeito, divulgadas na internet. No final
apontarei algumas fontes para ajudar você a pesquisar e formar sua própria
opinião.
Depois do
famosíssimo “caso Roswell”, do disco voador que se acidentou e caiu no Novo
México (USA) matando ao que parece, os seus ocupantes , em fevereiro de 1954, o presidente dos
EUA Dwight Eisenhower montou uma reunião
secreta com alguns humanos e presumivelmente com uma delegação de alienígenas,
na Base Militar de Muroc (California)
atualmente Base Edwards, para formalizar
um acordo sobre o relacionamento entre humanos e os aliens. Dentre os 4 ou 5
convidados civis ( o resto eram militares e do governo) estava o bispo de Los Angeles, James Francis Mcintyre.
Finda a
reunião todos foram proibidos de revelar qualquer coisa. Passados uns dias o bispo
voou para Roma e contou tudo ao papa que na época era Pio XII.
Resultado:
por ordem de Pio XII, o bispo de Los Angeles e o de Detroit, começaram a
organizar uma espécie de Serviço de
Investigação Vaticana (SIV) em segredo, com um ambicioso Programa Espacial
apelidado de K (Kerigma =
revelação) . Objetivo era coordenar informações sobre a questão dos
extraterrestres e exploração espacial em colaboração com Comissões Secretas do
governo dos EUA.
Três Observatórios foram se concretizando. No Arizona (EUA) ,
no Chile e no Alaska.
O Vaticano, com parceria da Universidade do
Arizona, montou um telescópio de
singular potencia porque dotado de uma tecnologia avançada de lentes e espelhos
que permitem captar imagens em infravermelho. Fica no Monte Graham, no Arizona.
Rotulado de VATT, ou seja, Telescópio de Tecnologia Avançada. É o 1º
infravermelho do mundo. Curiosamente o Monte Graham está localizado entre a “Área
51”,no estado de Nevada e Roswell no Novo México, áreas com maiores casos de
UFOS dos EUA.
A direção
deste Observatório, como dos outros dois, está entregue a ordem dos Jesuítas.
No Alaska
montaram secretamente um Rádio –telescópio. Este dispositivo não aparece como
oficialmente pertencente ao Vaticano.Está camuflado. Os jesuítas também estão
na direção.
No norte do
Chile, no deserto do Atacama, também tem
um poderoso telescópio do Vaticano.
Não parece muito estranho que o estado do Vaticano,
que deveria estar voltado para promover a fé católica, se envolva dessa forma
com a ciência astronômica? Certamente; a não ser que se conheça um dos mais explosivos
achados da arqueologia: as placas de argila escritas em cuneiforme, encontradas
nas ruínas da biblioteca do palácio de Assurbanipal, na Babilônia, onde ficava
a Suméria. O cientista Zacharias Sitchen (morto em 2.010), estudou e interpretou os caracteres cuneiformes
e publicou em livros seu conteúdo. Em resumo diz que a civilização sumeriana
teve intensa relação com os extraterrestres e estes lhes falaram de um planeta
em que habitavam chamado Nibiru, com uma órbita em volta do sol muito
alongada. Recentemente alguns astrônomos
dão sinais de que parece que esse Planeta X, ou Hercólubus, como o chamam, está voltando e em certo
momento irá passar próximo a terra. O problema é que ele parece ser maior que o
planeta Júpiter, portanto uma intensa força gravitacional e um campo magnético
vigoroso, capazes de provocar possíveis grandes mudanças geofísicas na terra e outros planetas e no
próprio sol.
Pois bem; os
astrônomos do Vaticano, mostram grande
interesse na passagem desse planeta-cometa, como alguns o chamam. Diante disso
montaram um projeto para tentar fotografá-lo, denominado projeto Siloe,
(Jo.9,7), em parceria com os EUA. Mandaram
construir uma Sonda Espacial (pela Cia.Lockheed Martin). Para colocá-la em órbita os militares americanos utilizaram um tipo de aeronave de um projeto
secreto chamado Aurora, que não é um foguete mas um tipo de avião que pode sair
da atmosfera. O lançamento foi a partir de uma base secreta dos EUA na área 51 .
Consta que a Sonda tirou fotos e voltou enviando as fotos para a base no Alaska.
Um filme com essas fotos foi, anos após, apresentado ao publico em reuniões. Está
na internet.
Numa
entrevista em 1977 foi perguntado ao
jesuíta Malachi Martin, se o Vaticano não estava extrapolando de sua
missão, com esse tipo de atividades. Por que faziam isso? Malachi teria
respondido que, os que estão em níveis mais elevados na administração do
Vaticano e os geopolíticos, sabem que o que está a se aproximar, poderá assumir
uma importância vital nos próximos 5 ou 10 anos.
A NASA
também opera uma base com telescópio no Polo Sul, que está seguindo
continuamente o caminho do Planeta X em aproximação com a órbita da Terra.
Começou em 16/02/2007.
Colhi essas informações em vários sites. Um, porém, se destaca pela riqueza de dados e
confiabilidade. É o thoth3126.com.br
através do título: O regresso do “Planeta X”, o Vaticano sabe. Partes 1
e 2. Transcrição da entrevista do Projeto Camelot com Luca Scantamburlo.
Você pode pesquisar no YOU TUBE digitando os
títulos: PROJETO CAMELOT que faz
entrevistas sérias; destaque para as entrevistas com Bob Dean; SUMERIA, UMA VERDADE SILENCIOSA ( 5 partes);
ERAM OS DEUSES ASTRONAUTAS ? etc. etc.O
Projeto CAMELOT como o do dr.Steven
Greer, são projetos de DESACOBERTAMENTO da
presença extraterrestre, em oposição ao acobertamento que em geral, fazem os governos. Pesquisando você verá que há
vários vídeos sensacionalistas e catastróficos. Descarte-os.
No próximo post
tenciono trazer mais algumas informações a respeito.
terça-feira, 1 de abril de 2014
Surpresa Vaticana sobre as CEBs (p 133)
Quinta, 13 de março de 2014 IHU
A importância das CEBs para as famílias: A proposta desconcertante de
Walter Kasper
"Sob o conceito de 'Igreja
doméstica', Kasper amplia o seu sentido por meio de uma visão
paulina, deixando de lado aquela percepção reduzida na 'família nuclear', e vê
a necessidade 'de grandes famílias de um novo tipo'", escreve Sérgio Ricardo Coutinho, mestre em História pela Universidade de Brasília - UnB e doutorando na
mesma área pela UFG. É professor do curso de pós-graduação lato sensu em
História do Cristianismo Antigo da UnB e presidente do Centro de Estudos em
História da Igreja na América Latina - CEHILA-Brasil. É assessor nacional da
Comissão Episcopal para o Laicato - CEBs.
Eis o artigo. (divulgado pelo IHU noticias )
Depois da grande novidade que foi o
envio de uma mensagem por parte do papa Francisco aos
participantes do 13º Intereclesial das CEBs, algo inédito na história destes encontros, agora uma nova surpresa.
Também vinda de Roma,
esta se fez chegar por meio do recente discurso proferido pelo cardeal Walter
Kasper no Consistório que debateu o tema do próximo Sínodo:
a Família. A surpresa, pouco percebida porque os analistas e jornalistas estão
ávidos por alguma mudança acerca do tema do acesso a Eucaristia para
os casais em segunda união, diz respeito à sugestão pastoral proposta pelo
cardeal para ajudar no fortalecimento dos núcleos familiares: as Comunidades
Eclesiais de Base (“Igrejas domésticas”).
De fato, o papa Francisco já
havia chamado a atenção para a importância delas na superação da “tentação do
clericalismo” quando do seu discurso aos membros do CELAM no
Rio de Janeiro em 28/07/2013. Para o Cardeal Kasper, as CEBs já
não são mais “uma esperança para a Igreja universal” (EN 58, 71), mas que “se
tornaram uma receita pastoral de sucesso”.
O Documento de Aparecida já
chamava a atenção para a necessidade de uma conversão pastoral em vista de uma
Igreja mais missionária, para isso sugeria no nº 372, em vista de uma reforma
nas estruturas, além da setorização da paróquia em unidades territoriais
menores, “a criação de comunidades de famílias que fomentam a colocação em
comum de sua fé cristã e das respostas dos problemas”.
Sob o conceito de “Igreja doméstica”, Kasper amplia o seu sentido por meio de uma visão
paulina, deixando de lado aquela percepção reduzida na “família nuclear”, e vê
a necessidade “de grandes famílias de um novo tipo”. Para que as famílias
nucleares possam sobreviver elas precisariam, segundo ele, “estar inseridas em
uma coesão familiar (...), em círculos interfamiliares de vizinhos e amigos em
que as crianças possam ter um refúgio na ausência dos pais, e em que os idosos
sozinhos, os divorciados e os pais sozinhos possam encontrar uma espécie de
casa”.
Exatamente sobre isso falaram os
bispos do Brasil em sua “Mensagem ao Povo de Deus sobre as Comunidades
Eclesiais de Base (CNBB, doc. 92): “É preciso valorizar as
experiências de solidariedade básica (...). O cultivo da reciprocidade tem como
espaço primeiro aquele onde a vizinhança territorial é importante para a vida
cotidiana, como em áreas rurais, bairros de periferia e favelas. É a
solidariedade entre vizinhos – melhor dizendo, entre vizinhas – que assegura o
cuidado com crianças, idosos e doentes, por exemplo”. (p. 8)
Kasper também surpreende ao buscar nas experiências das Igrejas
Metodistas sua definição de “Igreja Doméstica”: “eclesiola
in ecclesia, uma Igreja pequena dentro da Igreja”. E foi no “fim do mundo”, na
América Latina, África e Ásia, que estas “Igrejas domésticas” assumiram um
rosto na forma de “comunidades cristãs de base” (Basic Christian Communities)
ou de “pequenas comunidades cristãs” (Small Christian Communities).
O Documento de Aparecida procurou
usar estes mesmos dois termos (só com uma pequeníssima variação, ao invés de
“cristã” se escreve “eclesial”: “comunidades eclesiais de base” e “pequenas
comunidades eclesiais”), mas dando a entender que seriam realidades diferentes.
Os nos 178 e 179 descrevem bem as características eclesiológicas fundamentais
das CEBs, mas nos nº 99(e), 178 e 180, procura admoestá-las para a necessidade
de se manterem em “fidelidade ao Magistério” para não perderem seu
sentido eclesial. Com o intuito de “higienizar” as CEBs, Aparecida oferece um termo mais “asséptico” de “pequenas comunidades eclesiais” e faz uma
descrição delas nos nos 307 ao 310. Sabe-se muito bem que estes “acréscimos”
foram impetradas pelo falecido cardeal Afonso Lopez Trujillo.
Em sentido contrário, o cardeal Walter
Kasper não cai nesta “paranoia trujiliana” e as descreve em sua
plenitude eclesiológica com aqueles seus elementos estruturantes: martyria,
kérigma, leitourghia, koinonia e diakonia. As “comunidades eclesiais de base”
(Igrejas domésticas) “se dedicam à partilha da Bíblia”, da Palavra de Deus
“obtêm luz e força para a sua vida cotidiana” sendo “chamadas de modo
particular a transmitir a fé no seu respectivo ambiente”, possuem “uma tarefa
profética e missionária” e “o seu testemunho é sobretudo o testemunho de vida,
através do qual podem ser fermento no mundo” (testemunho de fé); “têm a
importante tarefa catequética de guiar rumo à alegria da fé” e “a evangelização
é a sua identidade mais profunda”(anúncio); “rezam juntas pelas próprias
intenções e pelos problemas do mundo” e a “eucaristia dominical [é] celebrada
por elas junto com a comunidade inteira como fonte e cume de toda a vida
cristã” (celebração da fé); “são lugares de uma espiritualidade da comunhão na
qual nos aceitamos reciprocamente em espírito de amor, de perdão e de
reconciliação, e em que se compartilham alegrias e dores, preocupações e
tristezas, contentamento e felicidade na vida cotidiana, no domingo e nos dias
de festa” (comunhão); e estão sempre ao lado dos “sofredores de todos os tipos,
às pessoas simples e aos pequenos”, sabendo que “Reino de Deus pertence
às crianças” (serviço).
No momento em que a Igreja do
Brasil se vê debatendo o documento de estudos proposto pela CNBB,
“Comunidade de comunidades: uma nova paróquia”, este discurso do cardeal Walter
Kasper confirma a opção pastoral que foi feita aqui ainda durante o Concílio
Vaticano II. Por isso, ele acerta em cheio no seu diagnóstico: “sem as
Igrejas domésticas”, sem as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs),
“a Igreja é alheia à realidade concreta da vida. [Elas] São o caminho da
Igreja”.
sexta-feira, 14 de março de 2014
As CEBS estão ressurgindo.Benvindas"! (p 132)
De 7 a 11 de janeiro deste ano, aconteceu em Juazeiro do Norte (CE) o 13º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base, com o tema JUSTIÇA E PROFECIA A SERVIÇO DA VIDA. Quem segue meu blog sabe da máxima importância que dedico ao tema COMUNIDADE CRISTÃ em geral e às CEBS em particular.Nos primeiros 25 posts tem muitos sobre CEBS e Comunidade ( posts - p - 6,11,12,13,14 a 20, 22 e 23 ) fora outros mais recentes. O post " Comunidade, essência da fé cristã," publicado em 24/4/12 é a página mais visitada: 195 até hoje.Outros artigos virão sobre esse tema.O artigo do Malvezzi foi publicado na Agencia ADITAL
Intereclesial emblemático.
Roberto Malvezzi (Gogó)
O 13º Intereclesial das CEBs tem, pelo menos, três elementos
emblemáticos, como se fossem um divisor de águas entre os anteriores e o futuro
das comunidades eclesiais de base.
Primeiro, ele foi realizado no Juazeiro do Norte, Ceará,
nas terras do Pe. Cícero. Esse padre, influenciado por seu predecessor nas
missões do sertão nordestino, Pe. Ibiapina, fez de sua vida uma radical opção
pelos pobres. São da mesma linhagem os “beatos e beatas”, como Zé Lourenço,
Maria Araújo e Conselheiro, pessoas que sentiram chamadas a dedicar suas vidas
às populações esquecidas daquele tempo. Influenciados por Ibiapina, esses
homens e mulheres fundaram suas comunidades inspirados nas primeiras comunidades
citadas nos Atos dos Apóstolos.
É bom lembrar que há 150 anos, em tempos de seca, o sertão
era praticamente um deserto. Foi aos famintos, sedentos, vítimas do cólera pela
água contaminada, aos órfãos, que esses homens e mulheres dedicaram a plenitude
de suas vidas. Por isso, para muitos, eles são os pioneiros no Brasil das
atuais comunidades eclesiais de base e também da Teologia da Libertação, já que
o ponto de partida eram os pobres, não como objetos de caridade, mas como
sujeitos de sua história já ao final do século XIX.
Segundo, pela primeira vez um papa envia uma carta de apoio às comunidades eclesiais de base. O contentamento dos presentes era visível. Afinal, durante as últimas décadas, em grande parte do Brasil e do continente, essas comunidades foram abandonadas, quando não perseguidas e caluniadas, sobretudo por aqueles que desejam uma Igreja distante do povo e fechada em si mesma. Por isso, o povo também enviou uma carta de gratidão ao Papa.
Terceiro elemento é que não havia euforia e nem triunfalismo no Juazeiro do Norte, mesmo que tenha sido um evento grandioso, com belíssima liturgia e momentos de entusiasmo. Todos estão conscientes que, se a Igreja quer ser mesmo uma “rede de comunidades”, como diz o documento 104 da CNBB, então cabe um desafio pastoral imenso de formação das comunidades eclesiais de base, de retomada de sua organização, de apoio na formação em todos os níveis, da criação de espaços que lhes sejam próprios, liberação de pessoas, recursos e tudo mais que se faz necessário no cotidiano pastoral.
O novo é que elas sejam também missionárias, formando novas comunidades e novas lideranças. Além do mais, agora estamos em pleno século XXI, um contexto de mudança de época, com as novas tecnologias, as redes sociais, a pluralidade religiosa, pluralidade de valores, as mudanças radicais no clima do planeta, assim por diante. Esse é o desafio: como continuar, tendo a inspiração originárias das primeiras comunidades num mundo em imensurável transformação?
Como será o futuro só a história dirá. Porém, quem tiver
um pouco de boa vontade, pode ver aí claros sinais dos tempos.
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terça-feira, 11 de março de 2014
Visite meu outro blog.
Tenho também um outro blog focado nos assuntos de justiça e solidariedade, essenciais na vivencia de um seguidor de Jesus. Chama-se SERVIR UNS AOS OUTROS.
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sábado, 1 de março de 2014
João Paulo II "santo" ? parece piada ! (p 131)
O cardeal prefeito da Congregação para as causas dos santos disse à rádio do Vaticano que somente o papa Francisco sabe ao certo a data em que vai anunciar os 2 papas santos ( João 23 e João Paulo II), embora ele já tenha dado a entender que provavelmente será em 2014, noticiou o IHU on-line em agosto passado. Mas várias críticas tem surgido com referencia a João Paulo II. Uma delas, o Dermi Azevedo apontou em texto divulgado pela agencia Carta Maior em dezembro último.
"Com a sua canonização prevista para 2014, o papa João Paulo II, atualmente na lista dos beatos católicos, foi um dos colaboradores mais leais da Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA), antes mesmo de ser eleito para o pontificado católico romano. A sua primeira audiência como Papa foi dada ao diretor geral da agência norte-americana de informações, William Casey, em 1978.
O arcebispo de Cracóvia, Karol Wojtyla, forneceu informações consideradas “valiosas” à CIA sobre a resistência polonesa ao regime comunista da Polônia. Esse apoio favoreceu substancialmente as atividades do sindicato Solidariedade, liderado pelo metalúrgico Lech Walesa e representou a ultima pá de cal no fim do regime polonês.
Memórias
O ex-diretor da CIA e ex-embaixador dos EUA no Brasil, general Vernon Walters, apresenta, em suas memórias, alguns exemplos desse entendimento entre o Vaticano e a Casa Branca.
Walters – que era vice–diretor geral da CIA - afirma que uma das principais preocupações do presidente Ronald Reagan era a de manter o Papa informado sobre as despesas militares dos EUA. Nesse sentido, determinou que esse embaixador se reunisse de dois em dois meses, com João Paulo II, no Vaticano.
Um detalhe: o diplomata deveria levar consigo fotografias via satélite dos países do bloco soviético e das regiões estratégicas para Washington. Afirma que, numa dessas audiências, mostrou ao Papa uma base soviética, supostamente com 13 silos contendo centenas de mísseis. “Santidade, cada míssil possui 10 ogivas. O que o senhor está vendo corresponde à morte de 130 cidades americanas ou européias”. Walters diz que o Papa afirmou: “Compreendo exatamente o que o senhor apresenta”.
O general Walters foi também embaixador dos EUA no Brasil nos anos 70, no auge da repressão da ditadura de 1964.
Colaboração antiga
A colaboração de João Paulo II com a CIA aconteceu também nos anos 80 com dois objetivos: desestabilizar o governo sandinista da Nicarágua e desautorizar a Teologia da Libertação. As duas metas foram atingidas e somente agora, com a eleição do papa Francisco I, essa corrente teológica foi oficialmente reabilitada.
Aliança de interesses
Tanto diplomatas norte-americanos, quanto do Vaticano, descrevem a relação estreita entre os dois interlocutores como uma “aliança de interesses”. A Casa Branca pretendia favorecer a Igreja Católica Romana na sua politica de expansão da sua hegemonia especifica. E o Vaticano, atendia também ao propósito dos EUA de avançar na sua politica também expansionista e hegemonista."
Sexta, 26 de julho de 2013
As vítimas de Maciel pedem que a canonização de João Paulo II seja interrompida
As vítimas dos abusos de Marcial Maciel (na foto, abraçando o papa João Paulo II) iniciaram um movimento para frear a canonização de João Paulo II, a quem acusam de acobertar o fundador dos Legionários de Cristo. A iniciativa acontece após ONU solicitar informação ao Vaticano sobre alguns casos de pedofilia, entre eles, os cometidos por Maciel.
Fonte: http://goo.gl/v7oAAF |
A reportagem é publicada no sítio Religión Digital, 24-07-2013. A tradução é do Cepat.
“Francisco deveria suspender o processo do beato João Paulo IIaté conhecer as recomendações que serão formuladas pelasNações Unidas”, apontaram as vítimas, que consideram que pelo estabelecido nas normas canônicas, os santos são pessoas que tiveram uma vida “irrepreensível”, enquanto que João Paulo II é questionado por vários casos de acobertamento, não apenas ao de Marcial Maciel. Seu pontificado foi marcado pela crise provocada pelos milhares de casos de abusos sexuais de sacerdotes a crianças. Os primeiros que se tornaram públicos foram os que ocorreram nas igrejas dos Estados Unidos.
A convocação da ONU ao Vaticano, para revelar os detalhes dos abusos sexuais na Igreja católica, é um “fato histórico” que permitirá conhecer a verdade sobre uma tragédia que atingiu milhares de menores em todo o mundo, disse o ex-sacerdote Alberto Athié.
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domingo, 8 de dezembro de 2013
Para a Gebara, a visita do papa deixou a desejar ( p 130)
Seu sobrenome ecoa a revolução na América Latina. Ivone Gebara (foto) é brasileira, freira e feminista. Pertence à Congregação das Irmãs de Nossa Senhora - Cônegas de Santo Agostinho - e há décadas vive no Nordeste do Brasil, numa vida de “inclusão” no meio popular. Atualmente reside em Camaragibe, na periferia de Recife. De dentro da Igreja, procura mudá-la. Dedica-se, fundamentalmente a partir de uma teologia feminista, desconstruir o direito natural, patriarcal e machista que a hierarquia católica pretende impor. Devido as suas posições, especialmente em favor da despenalização e legalização do aborto, recebeu severos castigos impostos pelo Vaticano. Porém, Ivone não se cala.
Ela nasceu em 1944. É doutora em Filosofia pela Universidade Católica de São Paulo e em Ciências Religiosas pela Universidade Católica de Lovaina (Bélgica). Durante 17 anos, lecionou no Instituto de Teologia de Recife, até a sua dissolução ordenada pelo Vaticano, em 1999, como uma forma de silenciá-la. Desde então, dedica o seu tempo, principalmente, para escrever, dar cursos e conferências sobre a hermenêutica feminista, novas referências antropológicas e a ética e os fundamentos filosóficos e teológicos do discurso religioso.
É autora de mais de 30 livros e de dezenas de artigos e ensaios, entre eles: “Trindade: palavra sobre coisas velhas e novas. Uma perspectiva ecofeminista” (1994), “Teologia ecofeminista: ensaio para repensar o conhecimento e a religião” (1997), “Rompendo o silêncio: uma fenomenologia feminista do mal” (2000), “Mulheres de mobilidade escravas: as mulheres do nordeste, uma vida melhor e feminismo” (2000), “As águas do meu poço. Reflexões sobre experiências de liberdade” (2005); “O que é teologia?” (2006), “O que é teologia feminista?” (2007), “O que é cristianismo?” (2008) e “Compartilhar os pães e os peixes. O cristianismo, a teologia e teologia feminista” (2008).Informações do site IHU on-line.
"Sair da concepção clerical ou papal da Igreja. Um desafio". Entrevista especial com Ivone Gebara.
Ela nasceu em 1944. É doutora em Filosofia pela Universidade Católica de São Paulo e em Ciências Religiosas pela Universidade Católica de Lovaina (Bélgica). Durante 17 anos, lecionou no Instituto de Teologia de Recife, até a sua dissolução ordenada pelo Vaticano, em 1999, como uma forma de silenciá-la. Desde então, dedica o seu tempo, principalmente, para escrever, dar cursos e conferências sobre a hermenêutica feminista, novas referências antropológicas e a ética e os fundamentos filosóficos e teológicos do discurso religioso.
É autora de mais de 30 livros e de dezenas de artigos e ensaios, entre eles: “Trindade: palavra sobre coisas velhas e novas. Uma perspectiva ecofeminista” (1994), “Teologia ecofeminista: ensaio para repensar o conhecimento e a religião” (1997), “Rompendo o silêncio: uma fenomenologia feminista do mal” (2000), “Mulheres de mobilidade escravas: as mulheres do nordeste, uma vida melhor e feminismo” (2000), “As águas do meu poço. Reflexões sobre experiências de liberdade” (2005); “O que é teologia?” (2006), “O que é teologia feminista?” (2007), “O que é cristianismo?” (2008) e “Compartilhar os pães e os peixes. O cristianismo, a teologia e teologia feminista” (2008).Informações do site IHU on-line.
"Sair da concepção clerical ou papal da Igreja. Um desafio". Entrevista especial com Ivone Gebara.
"Creio que há uma mudança que está se operando em parte do clero, do episcopado e de muitos fiéis, sobretudo mulheres na direção de uma nova ética sexual. O fermento está na massa. É preciso esperar que a levede lentamente”, diz a teóloga.
“O papa usou uma tática de não tocar de
forma clara nos assuntos litigiosos na Igreja numa primeira visita. (...) Quis
ser acolhido como Papa com um novo jeito de ser mais próximo e afetivo e sem as
pompas que caracterizam a vida dos pontífices seus predecessores”, avalia Ivone Gebara em entrevista concedida à IHU On-Line por e-mail. Para ela, Francisco age como “se acreditasse que com ele uma
nova era na Igreja Católica
Romana pudesse ser inaugurada. Mas, não podemos esquecer que o Papa Francisco é o mesmo cardeal Bergoglio de Buenos Aires e suas posições contrárias ao
casamento gay, ao aborto, aos anticoncepcionais são bem conhecidas do povo
argentino”. E aponta: “E mais, a teologia e a ética sexual oficial da Igreja
Católica ainda se referem a um mundo pré-moderno onde os avanços da ciência não
tivessem afetado a cultura e a moralidade das pessoas”.
A teóloga afirma que a resposta do papa
aos jornalistas referente à ordenação
das mulheres a “surpreendeu”. “A surpresa não foi o ‘não’ em
relação à ordenação, mas quando afirmou a necessidade de uma ‘teologia da
mulher’ na Igreja”, menciona.
E esclarece: “Com essa resposta
evidenciou um desconhecimento da luta e da produção teológica das mulheres por
muitas décadas. E isto é preocupante para um pontífice que está à frente de uma
Igreja majoritariamente feminina. Não sei se o desconhecimento é real ou se
corresponde a uma postura política em relação ao movimento de mulheres no mundo
e na Igreja. Nesse sentido avalio a visita como deixando a desejar, sobretudo
que a maioria dos jovens presentes na Jornada Mundial da Juventude era de
mulheres”.
Confira
a entrevista.
IHU On-Line - Como avalia a visita do Papa ao Brasil?
Minha avaliação toca também o meu
compromisso em relação à causa das mulheres que se expressa de diferentes
formas e nos diferentes contextos. A resposta que deu aos jornalistas na volta
à Itália quando perguntado sobre a ordenação das mulheres me surpreendeu. A
surpresa não foi o “não” em relação à ordenação, mas quando afirmou a
necessidade de uma ‘teologia
da mulher’ na Igreja. Com essa resposta
evidenciou um desconhecimento da luta e da produção teológica das mulheres por
muitas décadas. E isto é preocupante para um pontífice que está à frente de uma
Igreja majoritariamente feminina. Não sei se o desconhecimento é real ou se
corresponde a uma postura política em relação ao movimento de mulheres no mundo
e na Igreja. Nesse sentido avalio a visita como deixando a desejar, sobretudo
que a maioria dos jovens presentes na Jornada Mundial da Juventude era de mulheres.
IHU On-Line - Diferente dos outros papas, Francisco não abordou em seus discursos questões de gênero e moral, por exemplo. O que o silêncio do papa sinaliza?
Ivone
Gebara - Creio que o papa usou uma tática de não tocar de
forma clara nos assuntos litigiosos na Igreja numa primeira visita. A meu ver,
mas posso estar enganada, quis ser acolhido como Papa com um novo jeito de ser
mais próximo e afetivo e sem as pompas que caracterizam a vida dos pontífices
seus predecessores. É como se acreditasse que com ele uma nova era na Igreja
Católica Romana pudesse ser inaugurada. Mas, não podemos esquecer que o Papa Francisco é o mesmo cardeal Bergoglio de Buenos Aires e suas
posições contrárias ao casamento gay,
ao aborto, aos anticoncepcionais são bem conhecidas do povo argentino. E mais,
a teologia e a ética sexual oficial da Igreja Católica ainda se referem a um
mundo pré-moderno onde os avanços da ciência não tivessem afetado a cultura e a
moralidade das pessoas. Por exemplo, os insistentes conselhos da Igreja contra
os preservativos e anti-concepcionais revelam o quanto esses conselhos são
anacrônicos em relação ao mundo de hoje. E mais, como esse tipo de exigência
provoca o surgimento de comportamentos dúbios em muitas pessoas no que se
refere a moral sexual. Cada um age conforme suas necessidades e crenças e a
Igreja institucional age a partir de princípios ignorando a vida real das
pessoas.
IHU On-Line - Questionado sobre o fato de não ter mencionado esses assuntos em seus discursos, Francisco disse que os jovens já sabem qual é a posição da Igreja em relação a tais temas. Como a senhora vê essa resposta? Vislumbra alguma mudança na doutrina da Igreja ou na maneira de abordar esses temas?
Ivone
Gebara - Creio que no calor do grande espetáculo das falas
do papa e do ambiente de convivência
dos jovens, esses assuntos capitais não foram
tocados por Francisco e não houve igualmente insistência dos jovens para
isso, ao menos publicamente. Penso que o papa não desconhece o fato de que os
problemas acima enumerados são fundamentalmente problemas da juventude e não
dos mais velhos. O mesmo se poderia dizer das drogas. Entretanto, se a resposta
não foi dada diretamente pelo Papa, aliás, uma resposta que seria bastante
conhecida, foi dada por alguns grupos de Igreja talvez até apoiados por
autoridades episcopais.
Em muitas sacolas entregues aos jovens
havia um manual de moral
sexualem diferentes línguas e, por incrível
que pareça, um pequeno feto em forma de boneca assim como um pequeno terço em
que cada conta representava um fetinho. Eu quase não acreditei. Precisei ver
com meus próprios olhos para confirmar. Queriam instruir os jovens contra o
aborto dessa forma realista, violenta e desrespeitosa dos corpos e das dores
humanas.
Sinto que precisamos crescer em
humanidade, precisamos nos aproximar de forma desarmada das questões e dores
alheias. Com o sistema legalista de pureza apresentado por muitos grupos e
pessoas da Igreja corremos o risco de acirrar as diferentes formas de violência
e a mentira nas relações humanas.
Apesar disso, creio que há uma mudança
que está se operando em parte do clero, do episcopado e de muitos fiéis,
sobretudo mulheres na direção de uma nova ética sexual. O fermento está na
massa. É preciso esperar que a levede lentamente.
IHU On-Line - Considerando os primeiros meses da atuação do Papa Francisco, o que é possível vislumbrar acerca de seu pontificado?
Ivone
Gebara - Creio que ele começa com um ponto positivo. Há uma
inegável aceitação de sua pessoa e uma esperança em relação a reformas na
Igreja Católica. Mas sabemos bem que embora líderes sejam importantes às
estruturas de poder e outras, mudam apenas com o empenho coletivo. Nesse
sentido creio que os grupos
católicos espalhados pelo mundo deveriam manifestar-se mais,
fazer propostas e enfrentar a realidade plural da Igreja. Creio que essa
realidade plural deveria ter direito de cidadania respeitada. É difícil dizer
isso quando desenvolvemos ao longo de séculos a ideia da Igreja una, santa e
apostólica. O convite ao respeito das diferenças, o convite à inclusão parecem
ser apelos lançados em nosso século nas mais diferentes instituições. E as
instituições religiosas não podem deixar de ouvi-los.
IHU On-Line - Deseja acrescentar algo?
Ivone
Gebara - Gostaria de reforçar a ideia de que a Igreja também
somos nós. Isto significa sair de uma concepção clerical ou papal da Igreja. Em
outros termos, a Igreja não são apenas os bispos e não é apenas o Papa. Não são
eles que nos entregam a fé. Não são eles que nos dão Jesus Cristo. Não são eles que nos levam a aderir aos valores
que sustentam a vida. Eles têm uma função, sem dúvida, mas a realidade da fé se
inscreve em cada pessoa, depois se sustenta na comunidade de fiéis capazes de
ser uns para os outros justiça, misericórdia, compaixão e ajuda mútua na
manutenção da vida. Sair da valorização dos esquemas hierárquicos e buscar a
responsabilidade coletiva nas pequenas e grandes ações é um real desafio para
todas/os nós.
Com este excelente texto, encerro minhas postagens neste 2013. Volto depois do Carnaval.Bom Natal e Feliz Ano Novo. Norberto.
Com este excelente texto, encerro minhas postagens neste 2013. Volto depois do Carnaval.Bom Natal e Feliz Ano Novo. Norberto.
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