IGREJA-SOCIEDADE ALTERNATIVA

A explicação do sentido desse título, está em ARQUIVO DE POSTAGENS, out. 29 de 2011

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Mudar a estrutura paroquial. Mas como? (p 124)

Em abril deste ano, na cidade de Aparecida, estiveram reunidos bispos de todo o Brasil. Era a  51ª  Assembleia Geral da  CNBB. Tema central da discussão: COMUNIDADE  DE COMUNIDADES, UMA NOVA PARÓQUIA.  Um texto pré-elaborado norteou o debate. O tema preocupa os bispos. Já em agosto de 2008, tinham promovido um seminário a cargo do Instituto Nacional de Pastoral. Sua pauta foi: IGREJA, COMUNIDADE DE COMUNIDADES. A publicação do resultado dos trabalhos em livro,  demonstrou o empenho e a seriedade do encontro.

Por outro lado, neste blog, em momentos diversos destaquei a importância do comunitarismo  para a fé cristã. Mas um fato em especial tem me chamado a atenção: desde que postei, em 24 de abril de 2012, uma reflexão intitulada  VIDA EM COMUNIDADE, ESSÊNCIA DA FÉ CRISTÃ, quase não passa dia sem que alguém acesse a página. É a 2ª mais visitada, desde o inicio. É claro que fico me perguntando qual seria a razão desse interesse. Não pretendo no momento, especular sobre isso.

Voltando à 51ª Assembleia, Leomar Brustolin, um dos redatores do texto que norteou os debates, em entrevista ao IHU, disse que os comentários episcopais confluíram para  “três aspectos a serem trabalhados : um deles foi: “ vencer as estruturas obsoletas. Nós não conseguimos identificar exatamente quais são estas estruturas, mas elas existem e constituem uma grande dificuldade para uma renovação paroquial”.
Eu suspeito que esses obstáculos estruturais, a que se referem os bispos são duas “ instituições”, fora de discussão, “imexiveis” para eles e para toda a hierarquia  católica:  eucaristia e sacerdócio. Eles refugam qualquer leve titubeio a respeito desses “dogmas”.                                                    
Quem leu meus posts sobre esses dois temas neste blog, sabe como me coloco diante deles. Eucaristia hoje depende do sacerdócio ordenado,  portanto estão relacionados; um não existe sem o outro.   Já eucaristia e comunidade também se requerem mutuamente;  é teologicamente aceito que a comunidade faz a eucaristia e a eucaristia faz a comunidade. Então, a meu ver, só tratando a eucaristia como MEMORIAL DA NOVA ALIANÇA,  da forma como frei Isidoro Mazzarollo  a explica em seu livro que resumi neste blog, ( posts de 20/02/10 a 05/06/10 e também 22/07/12)   e só acatando a não existência de um sacerdócio instituído por Jesus, portanto inútil no cristianismo (não o presbiterato) como comprovei também neste blog, (posts de 10/07/10 a 10/08/10 e 06/11/11 a 19/11/11) é que, suspeito, poderão ser removidos os tais obstáculos estruturais para a renovação paroquial via comunidades de fé e amor. Não serão os únicos, mas sem dúvida os principais.

Para a identificação de outros possíveis obstáculos – exceto eucaristia e sacerdócio - vale esta dica: a leitura atenta e reflexiva do texto  de Antonio José de Almeida, no  livro que a própria  CNBB publicou do seminário com o Instituto Nacional de Pastoral que acima referi. O título do trabalho (mesa redonda) é: SER COMUNIDADE HOJE: À LUZ DA EXPERIENCIA DAS PRIMEIRAS COMUNIDADES.   Texto excelente!

Um incentivo a mais veio recentemente de Pietro Parolin, novo Secretario de Estado do papa Bergoglio .Em entrevista a um jornal venezuelano, divulgada pelo IHU, o repórter, tratando da resistência às mudanças  na Igreja, lhe pergunta:  “Quer isso dizer que a proposição das reformas implica em retorno ao cristianismo primitivo?”
Parolin  -  “Sim...Não se trata de voltar ao passado, pelo menos nas formas externas, mas de voltar aos princípios fundacionais  da Igreja.”

Pretendo voltar a esse assunto nos próximos posts.