Em abril deste ano, na cidade de Aparecida, estiveram
reunidos bispos de todo o Brasil. Era a
51ª Assembleia Geral da CNBB. Tema central da discussão: COMUNIDADE DE COMUNIDADES, UMA NOVA PARÓQUIA. Um texto pré-elaborado norteou o debate. O
tema preocupa os bispos. Já em agosto de 2008, tinham promovido um seminário a
cargo do Instituto Nacional de Pastoral. Sua pauta foi: IGREJA, COMUNIDADE DE
COMUNIDADES. A publicação do resultado dos trabalhos em livro, demonstrou o empenho e a seriedade do encontro.
Por outro lado, neste blog, em momentos diversos
destaquei a importância do comunitarismo para a fé cristã. Mas um fato em especial tem
me chamado a atenção: desde que postei, em 24 de abril de 2012, uma reflexão intitulada VIDA EM COMUNIDADE, ESSÊNCIA DA FÉ CRISTÃ,
quase não passa dia sem que alguém acesse a página. É a 2ª mais visitada, desde
o inicio. É claro que fico me perguntando qual seria a razão desse interesse. Não
pretendo no momento, especular sobre isso.
Voltando à 51ª Assembleia, Leomar Brustolin, um dos
redatores do texto que norteou os debates, em entrevista ao IHU, disse que os
comentários episcopais confluíram para
“três aspectos a serem trabalhados : um deles foi: “ vencer as estruturas obsoletas. Nós não
conseguimos identificar exatamente quais são estas estruturas, mas elas existem
e constituem uma grande dificuldade para uma renovação paroquial”.
Eu suspeito que esses obstáculos estruturais, a que se
referem os bispos são duas “ instituições”, fora de discussão, “imexiveis” para
eles e para toda a hierarquia católica: eucaristia
e sacerdócio. Eles refugam qualquer leve titubeio a respeito desses “dogmas”.
Quem leu meus posts sobre esses dois temas neste blog,
sabe como me coloco diante deles. Eucaristia hoje depende do sacerdócio ordenado,
portanto estão relacionados; um não
existe sem o outro. Já eucaristia e comunidade também se requerem
mutuamente; é teologicamente aceito que a comunidade faz a eucaristia e a
eucaristia faz a comunidade.
Então, a meu ver, só tratando a eucaristia como MEMORIAL DA NOVA ALIANÇA, da forma como frei Isidoro Mazzarollo a explica em seu livro que resumi neste blog,
( posts de 20/02/10 a 05/06/10 e também 22/07/12) e só acatando a não existência de um
sacerdócio instituído por Jesus, portanto inútil no cristianismo (não o
presbiterato) como comprovei também neste blog, (posts de 10/07/10 a 10/08/10 e 06/11/11
a 19/11/11) é que, suspeito, poderão ser removidos os tais obstáculos estruturais
para a renovação paroquial via comunidades de fé e amor. Não serão os únicos,
mas sem dúvida os principais.
Para a identificação de outros possíveis obstáculos –
exceto eucaristia e sacerdócio - vale esta dica: a leitura atenta e reflexiva
do texto de Antonio José de Almeida, no livro que a própria CNBB publicou do seminário com o Instituto
Nacional de Pastoral que acima referi. O título do trabalho (mesa redonda) é:
SER COMUNIDADE HOJE: À LUZ DA EXPERIENCIA DAS PRIMEIRAS COMUNIDADES. Texto excelente!
Um incentivo a mais veio recentemente de Pietro
Parolin, novo Secretario de Estado do papa Bergoglio .Em entrevista a um jornal
venezuelano, divulgada pelo IHU, o repórter, tratando da resistência às
mudanças na Igreja, lhe pergunta: “Quer isso dizer que a proposição das
reformas implica em retorno ao cristianismo primitivo?”
Parolin - “Sim...Não se trata de voltar ao passado, pelo
menos nas formas externas, mas de voltar aos princípios fundacionais da Igreja.”
Pretendo
voltar a esse assunto nos próximos posts.