IGREJA-SOCIEDADE ALTERNATIVA

A explicação do sentido desse título, está em ARQUIVO DE POSTAGENS, out. 29 de 2011

domingo, 10 de junho de 2012

Concentrações massivas:será essa a solução ? (p 95)


Os próximos posts, pretendem discutir o sentido do evento Jornada Mundial da Juventude, promovida pela Igreja católica romana. 


Alguém  disse que serão os  “Jogos Olímpicos da religião.” A comparação  serve para sugerir a grandeza do evento: a Jornada Mundial da Juventude – JMJ - com a presença do Papa, no Rio de Janeiro em julho de 2013. Como encontro internacional católico da juventude , desde 1985 quando começou, esse será o  12 º. O anterior foi em Madri  em 2011. O 1º foi  de um único dia. Os seguintes, de uma semana. A iniciativa vem de cima: dos Papas João Paulo II e Bento XVI. O bispo Baldisseri  da Cúria romana, previu: “ Eu creio que será um evento tão grande que superará todas as expectativas. Se em Madri contou com a participação de  2 milhões  de pessoas, no Brasil será certamente 4 ou 5 milhões”. O prefeito do Rio acredita que reunirá mais gente que a copa do mundo.
E as atividades?  Peregrinação e devoção; catequese, liturgias, sacramentos e até festivais pop. Modelo bem definido,  o que muda não é tanto o “show” mas o público. O jornalista  John  Allen, vaticanista americano que já cobriu seis dessas jornadas, em artigo no IHU On line, identifica 3 grupos de jovens que participam e os descreve: ” um núcleo central fanático; uma parte mais morna, que não pensa tanto sobre religião mas que ainda vai à missa e vê a fé como algo positivo; e aqueles que estão apenas por causa da viagem, porque seus pais pagariam a ida à JMJ mas não para férias” em algum outro lugar.Em seguida, o mesmo Allen, faz uma análise mais global dos que acorrem a essas jornadas. Escreve ele:
“Aqui, quero me focar na floresta que a Jornada Mundial da Juventude representa, ao invés de suas árvores individuais. O quadro geral é o seguinte: a Jornada Mundial da Juventude oferece a prova mais clara possível de que o movimento evangélico que percorre todo o catolicismo hoje, não é simplesmente um fenômeno "de cima para baixo", mas também uma forte força "de baixo para cima".
Eu defino o catolicismo evangélico em termos de três pilares:
  • Uma forte defesa da identidade católica tradicional, ou seja, o apego aos marcadores clássicos do pensamento católico (ortodoxia doutrinária) e da prática católica (tradição litúrgica, vida devocional e autoridade).
  • Robusta proclamação pública do ensino católico, com ênfase na missão “ad extra” do catolicismo, transformando a cultura à luz do Evangelho, ao invés de “ad intra”, na reforma interna da Igreja.
  • A fé vista como uma questão de escolha pessoal, em vez de herança cultural, o que, entre outras coisas, implica que, em uma cultura altamente secular, a identidade católica nunca pode ser dada por óbvia. Ela sempre tem que ser provada, defendida e manifestada.
Eu uso conscientemente o termo "evangélico" para capturar tudo isso em vez de "conservador", embora reconhecendo que muitas pessoas experimentam o que eu acabei de esboçar como um impulso conservador. Fundamentalmente, no entanto, tem a ver com outra coisa: com a fome de identidade em um mundo fragmentado.”
A atração maior do encontro, será sem dúvida a presença e as ações do Papa. Nos próximos artigos vou analisar o sentido dessa presença e a oportunidade ou validade pastoral de um evento como esse.
Resta ver como anda a preparação dos jovens e a organização da infra-estrutura no Rio de Janeiro. Se você acessar o site www.rio2013.com/pt  perceberá que em termos de preparação, já se andou bastante e bem, em todos os sentidos: comitês  diversos, locais dos encontros maiores, hospedagem, voluntariado, feira vocacional, jornadas diocesanas preparatórias, inscrições etc.  Vale se perguntar se tudo isso vai valer a pena. Isso vou questionar nos próximos posts.