Antes de conhecer os outros dois escritores eclesiásticos que reforçaram a sacerdotalização, cabe um importante esclarecimento: sacerdote é uma coisa, presbítero é outra. O sacerdote lida com o sagrado, os sacramentos, o templo (as igrejas ou espaços sagrados), o culto litúrgico, o altar.Isso em muitas religiões.
O presbítero,por sua vez, exerce o ministério da animação, da exortação, da pregação do Evangelho,orientação e aconselhamento (presbítero em grego é idoso) e servos da comunidade.Validado pelo NT.
O atual "padre" engloba equivocadamente os dois ministérios com enorme preferência na prática, para a função sacerdotal.Com isso sacralizou quase
todos os outros serviços.
No post anterior apontei o papa Clemente e sua Carta aos Corintios, como o que lançou os fundamentos teóricos e práticos da sacerdotalização, e ainda mais consignando-os como sendo de vontade divina.
O autor Alberto Parra assim conclui a apreciação da carta de Clemente: " A transferencia da imagem do sacerdócio antigo para o ministério eclesial, fará dele uma casta, uma tribo, ficando separado e oposto ao laicato. Então se iniciará na comunidade fraterna dos discípulos de Jesus, essa conhecida e infeliz trajetória do laicato cristão" (op.cit.pg 146).
Por volta de 177, o bispo de Lião (Galias) Irineu, começou a escrever para combater principalmente os herejes gnósticos que desvalorizavam o Antigo Testamento. Ele afirma que tudo quanto foi feito e dito no AT encontra sua correspondencia no Novo e na comunidade cristã.Inclusive o sacerdócio.
Como Irineu era mais profundo em teologia, a repercussão da sua vasta obra foi maior do que a de Clemente.
Faltava a codificação litúrgica e canônica do sacerdócio e quem a realizou foi Hipólito Romano por volta de 217.Na sua obra principal, a "Tradição Apostólica", tem disparates como, " A Igreja é regida por príncipes que são sacerdotes e sacerdotes que são príncipes".Isso porque ele dizia que os apóstolos eram príncipes e sacerdotes. Mas não eram nem uma coisa nem outra.
Depois de Hipólito vários outros autores cristãos acrescentaram sua contribuição em favor dessa ideia, especialmente santo Agostinho de Hipona.
Os concílios de Niceia,Constantinopla e pricipalmente Trento, ratificaram essas doutrinas.
O próximo post deixará mais claro ainda como essa posição agrediu frontalmente o Novo Testamento.
