IGREJA-SOCIEDADE ALTERNATIVA

A explicação do sentido desse título, está em ARQUIVO DE POSTAGENS, out. 29 de 2011

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Religião católica romana (e outras) não sintonizam com o Evangelho de Jesus cont. (p 63)

Hoje você lê a penúltima parte do artigo do José Castillo.

IV. Como viver esse cristianismo.



"Aqui me limito a fazer algumas propostas conclusivas. Dentre outras, me parece que se possam apresentar as seguintes:


1. Promover e fomentar, como as atitudes mais básicas e mais fundamentais na vida, o respeito e a tolerância. Respeito e tolerância com todos, sejam da origem que forem, da cor que forem e tenham a mentalidade, a nacionalidade, as crenças, os costumes ou a forma de vida que tiverem. Respeito é deixar viver.
Deixar que cada um seja o que é, e que seja como é. Sem nunca jogar nada na cara. Sem passar recibos pelos serviços prestados.


Tendo só o orgulho de que os demais sejam como são.E lutando, em todo o caso
contra o fanatismo, cuja essência consiste, como se disse muito bem, "no desejo de obrigar os demais a mudar" (Samuel Oz). Não esqueçamos que "fanatismo" e "fanático" são termos que procedem do latim "fanum", que, na religião
romana antiga, era o "lugar sagrado". Por isso se compreende que "pro-fano" é o
que está fora do "fanum", isto é, à margem do "sagrado". Assim, a etimologia nos ensina que a intolerância e o fanatismo têm sua explicação última na Religião.
Uma pessoa religiosa ou que "sacraliza" suas ideias, suas convicções,seus interesses, eis aí uma pessoa intolerante, fanática, que durante toda a vida irá faltar com o respeito a todo aquele que não se submete a suas ideias e a seus interesses.


Isto nos coloca na pista para descobrir a urgente necessidade que temos de trabalhar por uma sociedade laica e uma convivência laica. Mas,sobretudo, isso nos faz nos dar conta de que, afetivamente, somente no laico e a partir do laico é possível viver o cristianismo. Dietrich Bonhoeffer tinha razão quando, nos anos da Segunda Guerra Mundial, se perguntava : "Como é possível que Cristo
possa ter se feito Senhor dos irreligiosos? Há realmente cristãos sem religião?
O que é um cristianismo irreligioso?" E o próprio Bonhoeffer se respondia com esta afirmação tão profunda, quanto desconcertante: "O pecado do homem não
está em sua queda no real, mas sim em sua fuga do ideal."

No próximo e último trecho do artigo em exame, encerrando também as atividades blogueiras deste 2010, o teólogo Castillo vai nos presentear com uma conclusão tão surprendente quanto coerente com seu texto: a espiritualidade do cristão seguidor de Jesus é a espiritualidade dos direitos humanos !