IGREJA-SOCIEDADE ALTERNATIVA

A explicação do sentido desse título, está em ARQUIVO DE POSTAGENS, out. 29 de 2011

sábado, 27 de novembro de 2010

Religião católica romana (e outras) não sintonizam com o Evangelho de Jesus cont. (p59)

Continuo a transcrição do artigo do teólogo José Maria Castillo.

2) "O Templo: seja entendido como hieros (sagrado) ou como naos (santuário, o lugar onde a divindade habita), sempre supõe o espaço sagrado, que se contrapõe ao espaço profano. Assim, a realidade fica dividida, partida e separada.De um lado, o lugar ou espaço "onde Deus está" e, portanto,"onde se encontra Deus".È, pois, o lugar do respeito, a reverencia, a dignidade, o privilégio.E, de outro lado, o espaço profano, laico, não religioso, onde as pessoas vivem e convivem, trabalham, desfrutam e sofrem, se cansam e descansam, se querem e se odeiam, produzem etc. Se o Templo é o lugar de Deus, a rua, a casa, o campo,
a cidade são o lugar da vida. A consequência, que segue a partir do que foi dito é dupla. a) acima de tudo, o Templo ao ser um lugar privilegiado, santo, onde Deus mesmo está presente, por isso mesmo pode se converter (como ocorreu com o Templo de Jerusalém) em um "covil de ladrões"; b) por outro lado, ao ser o espaço próprio do Altíssimo, precisa de uma estrutura e até de uma arquitetura que diferencia o Templo (onde Deus habita) da casa (onde o homem habita). Daí a grandiosidade, a solenidade, a pompa e o luxo que costumam distinguir tantos templos (catedrais...) das humildes vivendas da maior parte dos simples cidadãos. O que entranha duas consequências: 1ª) os templos são lugar do encontro com Deus, de prática religiosa, de respeito e observância, enquanto o espaço profano é lugar de encontro com os demais seres humanos, do que resulta que o encontro com Deus e o encontro com os seres humanos ficam separados, situados em âmbitos distintos e, frequentemente, não tem a ver um com o outro. 2ª) Os templos oferecem uma representação de Deus de grandeza, de majestade, de poder, de solenidade..., que pouco tem a ver com o que a maioria dos mortais são e vivem. Os templos afastaram Deus dos seres humanos. E representaram Deus de forma pouco menos do que inacessível para os simples cidadãos.



3) Os Sacerdotes: da mesma forma que o Templo é o "espaço sagrado", os sacerdotes são os "homens consagrados". Portanto, homens "postos à parte", isto é, "separados". E, portanto homens privilegiados.
Homens, portanto, dotados de um poder e de uma dignidade que não está ao
alcance dos demais. Assim, os fieis cristãos ficam - assim como acontece com o espaço - divididos em dois blocos: os " ordenados", de um lado, a "plebe" de outro. E, portanto, os clérigos e os leigos. Por isso, e como é lógico, a Religião, ao dividir os cidadãos em duas classes ou grupos, diferenciados de forma "essencial" e não meramente "gradual" ("essentia et non gradu") (Conc.Vat.II.LG 10,2), por isso mesmo a presença da Religião na sociedade se vê inquietada por dificuldades. Porque, a partir dessas divisões, diferenças e privilégios de ordem religiosa , costuma se fazer presente a tentação e a pretensão de exigir para os clérigos, poderes e privilégios que não estão ao alcance dos leigos. E bem sabemos que, quando em uma sociedade se introduz essa divisão de cidadãos, a conflitividade está servida." Até aqui o artigo do Castillo.Continuará no próximo post.

Algumas observações minhas a esse texto: 1- quanto a templos e igrejas, no Brasil, muitas igrejas são também de encontros dos "humanos" e muitas também não tem arquitetura pomposa e luxuosa. O que não invalida as colocações do autor.
2 - Quanto aos Sacerdotes:você leu meus posts de 10 de julho a 10 de agosto
(nºs de 45 a 49) de 2010 intitulados, Uma mentira que atravessa os séculos, o sacerdócio católico ? Nesses posts eu comprovo como a função de sacerdote desempenhada pelos atuais padres, é contraria, contradiz o Evangelho e a tradição das comunidades primitivas. Neste texto do Castillo ele aborda outro aspecto negativo do sacerdócio. Por isso o meu texto e o dele se completam.

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