IGREJA-SOCIEDADE ALTERNATIVA

A explicação do sentido desse título, está em ARQUIVO DE POSTAGENS, out. 29 de 2011

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Evangelho e Religião, ainda (p 66)

Como anunciado no post passado, transcrevo hoje parte do artigo que J.M.Castillo publicou no seu blog e o IHU On line divulgou. É um comentário à conferência do padre José Comblin.

"O tema que Comblin propôs é estimulante e dá o que pensar, como já indica o título do tema que tratou: "O que está acontecendo na Igreja?"
Pois bem, do conteúdo do texto de Comblin, me parece que é de singular importância a distinção que faz entre "evangelho" e "religião". Confesso que me dá pena o simples fato de pensar na quantidade de cristãos, batizados, praticantes, pessoas de boa vontade e das melhores intenções, que nem sequer pararam para pensar, alguma vez pelo menos, na diferença radical que existe entre o evangelho e a religião. Comblin o diz da forma mais simples possível: " O evangelho vem de Jesus Cristo. A religião não vem de Jesus Cristo". E isto, o que tem a ver com o que está acontecendo na Igreja? Muito simples: na vida e no funcionamento da Igreja, a religião ocupa mais espaço e tem maior importância do que o evangelho.

Sem rodeios.Me explico. O evangelho expressa a vontade de Deus que busca o homem. A religião expressa a vontade do homem que busca a Deus.Portanto, de entrada, evangelho e religião são dois movimentos radicalmente contrapostos. Isto é a primeira coisa, antes que outra ideia ou projeto, que teria que levar em conta. Assim como teria que pensar seriamente no que isto representa. Por isso, entre outras razões, a religião é um "fato cultural", ao passo que o evangelho é um "fato contracultural". O fato religioso, por mais que tenha como ponto de partida alguma teofania, é sempre um fato que nasce dentro de uma cultura e sempre está marcado por essa cultura. As religiões orientais tem suas peculiaridades muito condicionadas pelas culturas orientais. Assim como ocorre com as religiões africanas, etc.
Pelo contrário, o evangelho é sempre um movimento que interpela os ouvintes da Palavra (que é Jesus) a confrontar-se com não poucos elementos próprios da cultura, como o são, por exemplo, o exercício do poder, as leis sobre a propriedade dos bens,os privilégios dos notáveis, o uso do dinheiro, as relações de parentesco, etc."

No próximo post vou finalizar esse artigo do Castillo.

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